Representantes de diversas religiões se reuniram no Coliseu de Roma para o “Encontro Internacional pela Paz – as Religiões e as Culturas em colóquio”, na presença do Papa Leão XIV. Em seu forte pronunciamento, o Santo Padre falou da oração como uma “grande força reconciliadora”: “Tenhamos fé de que a oração mude a história dos povos”.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Sob o lema “Ousar a Paz”, a Comunidade Sant’Egídio promoveu esta terça-feira, no Coliseu romano, um encontro de oração que reuniu representantes de diversas confissões religiosas. O momento mais aguardado foi o discurso do Papa Leão.
“Conflitos existem onde quer que haja vida, mas a guerra não ajuda a enfrentá-los nem a resolvê-los. A paz é um caminho permanente de reconciliação”, disse o Pontífice, agradecendo a todos os presentes por mostraram ao mundo quão crucial é a oração. E fez uma forte exortação:
Hoje, juntos, disse ainda o Santo Padre, demonstramos não apenas nosso seguro desejo pela paz, mas também a consciência de que a oração é uma grande força de reconciliação. Quem não reza, afirmou, abusa da religião, até mesmo para matar. A oração é um movimento do espírito, não palavras gritadas nem comportamento ostentatório, muito menos slogans religiosos usados contra as criaturas de Deus. “Temos fé que a oração muda a história dos povos. Os lugares de oração devem ser tendas de encontro, santuários de reconciliação, oásis de paz”, acrescentou.
Leão XIV citou o histórico encontro de Assis promovido por São João Paulo II em 27 de outubro de 1986, cujas raízes se encontram no documento conciliar “Nostra aetate”, do qual se celebram os 60 anos de promulgação justamente hoje, 28 de outubro. O Pontífice mencionou ainda seu predecessor, Francisco, que exatamente um ano atrás, para o mesmo evento, advertiu para a instrumentalização das guerras por parte das religiões. Leão XIV afirmou com voz seguro: “A guerra nunca é santa, somente a paz é santa, porque é desejada por Deus!“.
“Com o poder da oração, com as mãos nuas erguidas ao céu e mãos abertas aos outros, devemos garantir que este período da história marcado pela guerra e pela arrogância da força termine logo e uma nova história comece”, exortou ainda o Papa, pedindo que não nos acostumemos em ter a guerra como “companheira normal da história humana”.
Para o Santo Padre, a cultura da reconciliação poderá superar a atual globalização da impotência, através do colóquio, da negociação e da cooperação. Pois existem lugares e pessoas para isso.
“Este é o apelo que nós, líderes religiosos, dirigimos de todo o coração aos governos. Fazemos eco do desejo de paz dos povos. (…) Devemos ousar buscar a paz! E se o mundo estiver surdo a este apelo, temos a certeza de que Deus ouvirá as nossas preces e os lamentos de tantos que sofrem. Porque Deus deseja um mundo sem guerra. Ele nos libertará deste mal!”

