Papa: o tráfico humano é uma vergonha e violação gravíssima dos direitos humanos fundamentais

0

Na lar Santa Marta para se resguardar de uma bronquite, Francisco recebeu uma delegação da rede mundial de religiosas “Talitha Kum” que combate o tráfico humano. Entre eles, “jovens embaixadores da esperança”, inclusive do Brasil, que procuram “unir forças, colocando as vítimas e os sobreviventes no centro, ouvindo suas histórias, cuidando das feridas e amplificando suas vozes” porque “não podemos aceitar que tantos irmãos sejam explorados de maneira tão desprezível”.

Ouça a reportagem e compartilhe

Andressa Collet – Vatican News

Nesta sexta-feira (07/02) o Papa Francisco cumpriu agenda na lar Santa Marta, no Vaticano, em vez do Palácio Apostólico, para poder se resguardar da bronquite que o acometeu. Em uma das audiências, o Pontífice recebeu um grupo de 60 membros da rede internacional de religiosas “Talitha Kum” que combate o tráfico humano. O encontro foi realizado na véspera do XI Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas celebrado todos os anos em 8 de fevereiro, festa em memória de Santa Josefina Bakhita, “que foi vítima desse terrível flagelo social”, recordou o Papa em discurso:

“A sua história nos dá muita força, mostrando-nos como, apesar da tirania e do sofrimento vivido, com a graça do Senhor seja possível quebrar as correntes, tornar-se livre e mensageiro de esperança para os outros que estão em dificuldades.”

A religiosa que nasceu no Sudão, viveu a dureza da escravidão contra a qual lutou incansavelmente, foi canonizada por João Paulo II no ano de 2000 e virou um símbolo universal do empenho da Igreja contra o fenômeno global que, no Brasil, segundo dados oficiais, chegou a fazer 365 vítimas em 2024. Diante da gravidade do tráfico humano em nível mundial, “não podemos ficar indiferentes”, observou o Papa, e, assim como fazem os cerca de 6 mil membros de Talitha Kum, “devemos unir nas ossas forças, as nossas vozes e chamar todos às suas responsabilidades para combater essa forma de criminalidade que lucra com a pele dos mais vulneráveis”. E Francisco acrescentou:

“Não podemos aceitar que tantas irmãs e tantos irmãos sejam explorados de maneira tão desprezível. O comércio dos corpos, a exploração sexual, inclusive de meninos e meninas, o trabalho forçado, são uma vergonha e uma violação gravíssima dos direitos humanos fundamentais.”

LEIA AQUI A ÍNTEGRA DO DISCURSO DO PAPA

A mobilização de Talitha Kum em Roma

De fato, há uma semana, a rede Talitha Kum está mobilizada em Roma para encontros e ações concretas de conscientização contra o tráfico humano. Nesta sexta-feira (07/01), após o encontro com o Papa, foi promovida uma peregrinação on-line de oração contra esse mal que atravessou todos os continentes com transmissão ao vivo em 5 línguas, inclusive em português. Francisco agradeceu a delegação presente na audiência, alguns que vieram de países distantes, “de modo especial, parabenizo os jovens embaixadores contra o tráfico que, com criatividade e energia, estão sempre encontrando novas maneiras de conscientizar e informar”.

Assim como faz a Talitha Kum, o Papa finalizou o discurso incentivando todos a fazerem parte dessa mobilização, “unindo forças, colocando as vítimas e os sobreviventes no centro, ouvindo as suas histórias, cuidando das suas feridas e amplificando as suas vozes. Isso significa ser embaixador de esperança; e espero que, neste Jubileu, muito mais pessoas sigam o exemplo de vocês”. Como tem feito o próprio brasileiro Luís Rogério do Nascimento Braz, um dos jovens “Embaixadores da Esperança”, presente na audiência na lar Santa Marta:

“O Papa Francisco exortou-nos que, com a nossa criatividade e o nosso vigor juvenil, nós continuemos empenhados com o nosso trabalho da rede Talitha Kum. Eu confirmou-nos com o seu ministério petrino esse nosso trabalho. E a palavra que marcou a audiência foi a esperança. O Papa pediu para que nós nunca percamos a esperança de que o mundo sem o tráfico de pessoas é possível. Ele fez uma audiência muito descontraída e fez com que a gente pensasse que ele tivesse todo tempo do mundo para nós: respondeu às nossas perguntas, pudemos partilhar as nossas angústias e as nossas alegrias também. Foi um encontro muito renovador e confirmador para nós.”

O jovem brasileiro Luís Rogério no canto esquerdo da foto

O jovem brasileiro Luís Rogério no canto canhoto da foto

Fonte

Escreva abaixo seu comentário.

Por favor escreva um comentário
Por favor insira o seu nome aqui