Catolicidade, colóquio interdisciplinar e sabedoria para prosseguir no caminho da evangelização e dar um testemunho de vida crível. Estas são as diretrizes que Leão XIV ofereceu à Comissão Teológica Internacional, a quem agradece pelo documento apresentado por ocasião dos 1700 anos do Primeiro Concílio Ecumênico de Niceia.
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Leão XIV recebeu em audiência, nesta quarta-feira (26/11), na Sala do Consistório, no Vaticano, os membros da Comissão Teológica Internacional, por ocasião da sessão plenária anual.
Esse organismo nasceu do “apelo à renovação formulado pelo Concílio Ecumênico Vaticano II. Estabelecida em 1969 por São Paulo VI, a Comissão Teológica Internacional desempenhou o seu trabalho «com grande diligência e prudência», como sublinhou São João Paulo II, em 1982, conferindo-lhe uma forma estável e definitiva”, disse o Papa Leão.
O dom da unidade e da paz
O Santo Padre agradeceu aos membros da Comissão Teológica Internacional pela publicação do documento oferecido à Igreja por ocasião do aniversário de 1700 do Primeiro Concílio Ecumênico de Niceia: “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador“. Um texto que “certamente servirá de inspiração para novos estudos e para o progresso do colóquio ecumênico”, disse ele, recordando que nesta quinta-feira, 27 de novembro, iniciará sua primeira Viagem Apostólica à Turquia e ao Líbano, durante a qual irá em peregrinação a İznik, a antiga Niceia, “para comemorar aquele evento histórico e pedir ao Senhor o dom da unidade e da paz para a sua Igreja“.
De acordo com Leão XVI, estas “são realidades que nos interpelam com urgência, como Povo de Deus, a proclamar com fidelidade criativa a Boa Nova dada ao mundo «de uma vez por todas» por Deus nosso Pai, por meio do Senhor Jesus Cristo. Ele é o Evangelho vivo da salvação: o testemunho que lhe damos em cada época é constantemente renovado pela efusão “imensurável” do Espírito Santo. É o Paráclito, de fato, quem ilumina as mentes e inflama nossos corações com caridade, transformando assim a história segundo a amorosa vontade de Deus”.
Leia, na íntegra, o discurso do Papa aos membros da Comissão Teológica Internacional.
De acordo com o Papa Leão, a Comissão Teológica Internacional, nesta perspectiva, “tem a tarefa de oferecer aprofundamentos, hermenêutica e orientação ao Dicastério para a Doutrina da Fé e ao Colégio dos Bispos”, colaborando “na compreensão comum da verdade salvífica revelada em Cristo Jesus”. Portanto, “as suas contribuições podem orientar a missão da Igreja na fidelidade ao depósito da fé”.
Catolicidade
O Papa exortou os membros da Comissão Teológica Internacional “a valorizar não apenas o rigor indispensável do método teológico, mas também três recursos específicos”.
O primeiro é a “catolicidade”. Ele citou São João Paulo II que a propósito dos membros da Comissão Teológica Internacional, disse que por virem de «diferentes nações e tendo de lidar com as culturas de diferentes povos», eles «conhecem melhor os novos problemas, que são como a nova face dos velhos problemas, e por isso também podem compreender melhor as aspirações e mentalidades dos homens de hoje».
colóquio inter e transdisciplinar
Em segundo lugar, o “colóquio” inter e transdisciplinar com diversos saberes e competências, que ajuda a promover a «inserção e o florescimento de todos os campos do conhecimento no contexto da Luz e da Vida oferecido pela Sabedoria que flui da Revelação de Deus».
Sabedoria apaixonada
A recomendação final do Papa é um convite a imitar a “sabedoria apaixonada” dos Doutores da Igreja, “como Santo Agostinho, São Boaventura, Santo Tomás de Aquino, Santa Teresa de Lisieux e São João Henry Newman”, capazes de conciliar “o estudo teológico com a oração e a experiência espiritual, condições indispensáveis para cultivar a inteligência da Revelação, que não pode ser reduzida a um comentário sobre as fórmulas da fé”.
Teologia, scientia fidei
A seguir, citou as palavras do Papa Francisco: «Quando penso na Teologia, vem-me à mente a luz […]. A Teologia realiza um trabalho oculto e humilde, para que a luz de Cristo e do seu Evangelho possa resplandecer». “Como scientia fidei (ciência da fé), a teologia tem, antes de tudo, a tarefa de admirar, refletir e difundir a luz perene e eficaz de Cristo na mudança constante da nossa história”, sublinhou o Papa Leão.
Recordando as palavras de Bento XVI, que alertou para o perigo de prejudicar o desenvolvimento dos povos através da natureza excessivamente setorial do conhecimento e, assim, impedir o bem da humanidade, Leão XIV exortou, por fim, a Comissão Teológica Internacional a prosseguir no seu caminho.


