A Igreja católica na Papuásia Nova Guiné organizou recentemente um encontro on line para reflectir sobre como combater a crença na feitiçaria que provoca crimes de tortura e morte na sociedade.
Dulce Araújo – Cidade do Vaticano
Na Papuásia Nova Guiné, perante o crescimento da violência e de crimes ligados à crença na feitiçaria, teve lugar no passado dia 18 deste mês um seminário para debater sobre o assunto. O encontro foi organizado através da plataforma zoom no site da Conferencia Episcopal da Papuásia Nova Guiné e das ilhas Salomão. Cerca de 60 pessoas entre bispos, sacerdotes, religiosos e profissionais de vários sectores tomaram parte no encontro on line. Na abertura, o P. Ambrose Pereira, Secretario da Comissão Episcopal para as Comunicações Sociais, disse que o encontro visava reflectir, criar uma consciencialização sobre o assunto e achar forma de apoiar as vítimas e as suas famílias.
Dom Anton Bal, arcebispo de Madang e Presidente da Conferencia Episcopal, explicou que com o termo “sangoma” ou magia, se entende a prática cultural de dar respostas a situações que não têm uma explicação lógica, como por exemplo, doenças, desgraças e mortes inexplicáveis. Se uma pessoa morre improvisamente de morte natural, as pessoas tendem a pensar que a morte foi causada pela magia negra e a acusar sobretudo os pobres e indefesos dessa morte, torturando-os e matando-os.
A feitiçaria – explicou por sua vez o vice-presidente da Divine Word University, padre Philip Gibbs – é uma forma de enfrentar a experiencia da infelicidade ou de uma perda. A ciência pode dizer que alguém morreu de cancro ou de infarto, mas não “porque é que isto aconteceu”. E esta é – precisou – uma dificuldade enfrentada não só aqui na Papuásia Nova Guiné, mas por toda a humanidade.
A experiencia terrível da violência ligada a acusações de feitiçaria continua, portanto, a ser um obstáculo à paz e ao respeito na sociedade – advertiu Dom Donald Lippert, bispo de Mendi – e tais práticas, se não forem controladas, poderão ter consequências devastadoras para as comunidades.
As Igrejas podem, portanto, nesta situação, desenvolver um papel crucial – afirmou por sua vez o funcionário do governo, Michelle Taumpson. Devemos, antes de mais – acrescentou – mudar o comportamento das pessoas a fim de poder levá-las a mudança das crenças.
A sugestão deixada é que as Igrejas adoptem uma “estratégia nacional” para enfrentar a violência ligada à feitiçaria, promovendo nas comunidades campanhas de sensibilização a fim de reforçar a consciência sobre o problema. Para se conseguir libertar as pessoas da feitiçaria, crença profundamente enraizada na sua subconsciência, é necessário um empenho a longo prazo tendo em vista a educação da população e o envolvimento das organizações provinciais competentes.