Vitória do “La Libertad Avanza” neste domingo (26/10) não garante maioria, mas permite que o presidente argentino governe com mais tranquilidade. Resultado supera previsões mais otimistas e freia a crise cambial, que teve intervenção americana. Baixa participação chama a atenção nessas eleições.
Ricardo Balsani – Vatican News
O partido do presidente Javier Milei, “La Libertad Avanza”, foi o grande vencedor das eleições legislativas realizadas neste domingo (26/10) em toda a Argentina. Os candidatos a deputado e senador do partido obtiveram cerca de 40% do total de votos, contra 31% da principal coalizão de antítese, que inclui os peronistas ligados à ex-presidente Cristina Kirchner. Antes da votação, a expectativa era oposta, prevendo uma derrota das forças do atual governo e um crescimento da antítese.
Ajuda americana
Apesar de não garantir uma maioria legislativa para o partido do governo, o resultado permite que o governo insista em seu programa de ajustes e reformas liberais, ao complicar o bloqueio de suas iniciativas pela antítese. A expectativa de uma derrota de Milei havia causado, no último mês, uma forte desvalorização do peso argentino.
Javier Milei e Donald Trump, em uma das quatro ocasiões em que eles se encontraram em 2025.
O movimento cambial levou o aliado Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, a oferecer uma ajuda de 20 bilhões de dólares, vindos do Tesouro americano, para estabilizar a moeda argentina. Após o triunfo, Milei agradeceu ao presidente americano, a quem chamou de “grande amigo da República Argentina”. Na manhã desta segunda-feira (27/10), tanto o peso quanto as ações de empresas argentinas se valorizavam muito no mercado internacional, em alguns casos em mais de 35%.
Surpresa maior em Buenos Aires
O “La Libertad Avanza” venceu nas principais províncias e territórios da Argentina, como Córdoba, Santa Fe, Mendoza e Buenos Aires. Nesta última província, o resultado foi ainda mais surpreendente, uma vez que o Peronismo havia conseguido uma expressiva vitória em eleições especiais realizadas no início de setembro. O atual governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, um dos principais nomes da antítese, ressaltou em seu discurso após a derrota que a maioria dos argentinos não concordaria com o modelo econômico proposto por Milei. Segundo ele, o atual presidente argentino “se engana ao festejar este resultado”.
Centro de votação em Buenos Aires neste domingo (26/10). (AFP or licensors)
Baixa participação
Estas eleições legislativas na Argentina foram marcadas pela baixa participação, de cerca de dois terços do eleitorado. É a menor participação eleitoral desde 1983, ano de início do processo de redemocratização do país após a ditadura militar. A exemplo do Brasil, o voto é obrigatório na Argentina.
*Com informações de agências.
