O Custódio da Terra Santa fez sua entrada solene na cidade cisjordana para o início do período do Advento, o segundo em tempos de conflito. “Diante do mal, do desespero, da doença, do desânimo, desta horrível guerra que nos angustia e fere, não temos outra alternativa senão manter a cabeça erguida”, afirmou.
Roberto Cetera – Belém
Que para Belém volte um tempo bom, e que a cidade possa novamente ser a cidade da paz e da felicidade. Essa é a esperança expressa pelo padre Francesco Patton, Custódio da Terra Santa, que hoje (30/11), no início do tempo litúrgico do Advento, fez sua entrada solene em Belém, escoltado inicialmente pela polícia israelense e depois pelas forças palestinas. O Custódio, após atravessar o pesado portão de aço ao longo do muro de separação, próximo ao Túmulo de Raquel, seguiu a pé pelas ruas que levam à Praça da Manjedoura, cercado por moradores, crianças das escolas, autoridades locais e escoteiros que tocaram gaitas de foles e tambores. Hoje foi uma das três ocasiões solenes em que o portão é aberto. As outras duas ocorrerão na véspera de Natal, com a entrada do patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, e no dia 5 de janeiro, para o Natal ortodoxo, com a entrada do patriarca greco-ortodoxo Teófilo III.
O segundo Natal em guerra
A cerimônia foi concluída com uma oração na Igreja de Santa Catarina, que fica ao lado da Basílica da Natividade e dá acesso à gruta. Foi um momento relevante para a população de Belém, que enfrentará seu segundo Natal marcado por solidão, pobreza e tristeza. Desde 7 de outubro do ano passado, muitos dos moradores, sem a chegada de peregrinos e impossibilitados de atravessar o muro para trabalhar em Jerusalém, vivem sem renda e no limite da pobreza. Belém mergulhou em uma atmosfera sombria. A Basílica da Natividade permanece quase sempre deserta, sem presença de peregrinos, e o tradicional hotel que os hospedava, lar Nova, está fechado há 12 meses. O mesmo acontece com as lojas de artesãos que produzem objetos religiosos na rua Milk Grotto, ao lado sul da Basílica, que em sua maioria permanecem fechadas.
Nunca perder a esperança
O desejo expresso pelo padre Patton é que este seja o último Advento em tempo de guerra. Em sua mensagem para a solenidade, o Custódio convida a não “abandonar a esperança. Especialmente quando tudo no mundo parece querer arrancá-la de nós”. Este é “o Advento de um novo ano litúrgico, que também será jubilar. E ao proclamar o Jubileu, o Papa Francisco” chama os fiéis a “manter a esperança, ou melhor, a ser disseminadores de esperança, peregrinos da esperança”. Diante “do mal, do desespero, da doença, do desânimo, desta horrível guerra que nos angustia e fere – é o apelo de Patton – não temos outra alternativa senão manter a cabeça erguida”.