Na Basílica de Latrão, o rito de beatificação do terceiro Moderador Geral dos Missionários do Preciosíssimo Sangue foi presidido na manhã deste domingo, 12 de janeiro, pelo cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos. Seu perfil, destacado na homilia da Missa, é o de um homem que colocou a oração no centro do seu apostolado, a prudência entre os critérios do seu governo, a amizade como estilo de relacionamento.
Antonella Palermo – Cidade do Vaticano
Um homem de oração, que soube harmonizar na sua vida e no seu apostolado as dimensões ativa e contemplativa, que soube governar com a virtude da prudência, que soube relacionar-se com amizade para com todos. Este é o retrato do padre Giovanni Merlini (Spoleto 1795 – Roma 1873), terceiro moderador geral da congregação dos Missionários do Preciosíssimo Sangue, beatificado neste domingo, 12 de janeiro. O cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, presidiu o rito na basílica papal de São João de Latrão.
Um homem de oração
O cardeal Semeraro, em sua homilia, recorda que os testemunhos recolhidos no processo para sua beatificação e canonização reconheceram unanimemente o dom da oração plenamente acolhido por Merlini, tanto que ele pode ser considerado, sem dúvida, “um homem de oração”. Uma oração que nele se tornava habitualmente contemplação.
“Uma testemunha – relata o cardeal – declarou: “Gritei, pedindo permissão para ingressar e ele nem sequer me respondeu. Entrei na sala, aproximei-me dele enquanto ele rezava o Ofício e encontrei-o como que em êxtase, sem que percebesse coisa alguma, e então me vi forçado a deixar a sala admirado sem poder falar com ele. Percebi que seu rosto estava como que sorrindo, e com uma beleza fora do comum” (Summ. §129, p. 45) “.
A virtude da prudência
Merlini, todavia, não descuidou o ardor missionário: especialmente na pregação (algo pelo qual era muito estimado por São Gaspar). Além disso, ele colocou em prática “excelentes capacidades de governança”, enriquecido pela virtude da prudência, destaca ainda Semeraro. Esta é uma virtude fundamental, particularmente relevante para aqueles que ocupam um cargo de liderança.
Citando São Tomás de Aquino, recorda que “é prudente quem sabe decidir o que fazer concretamente e saber fazê-lo com sabedoria. Do Beato Giovanni Merlini, as testemunhas do processo de beatificação dizem que ele exerceu a virtude da prudência de uma forma verdadeiramente extraordinária: ele estudava as situações, consultava e intervinha de forma adequada e isto, especialmente nas decisões difíceis para as pessoas, com caridade”.
Unindo contemplação e ação
O cardeal aproveita a oportunidade para recordar a necessidade de manter unidas as dimensões contemplativa e ativa da vida espiritual. E o faz também porque o próprio Papa o sublinha em diversas ocasiões (“Se quisermos saborear a vida com felicidade, devemos associar estas duas atitudes”). Não são vidas antagônicas, mas complementares, “antes ainda, consequentes”, diz Semeraro.
Outra característica de Merlini, destacada na homilia do rito de beatificação, é a capacidade do religioso de tecer relações de amizade autêntica com todos. Uma qualidade e um dom que Semeraro pede para cada um, especialmente no Ano Santo Jubilar: um tempo oportuno para viver justamente na amizade e na esperança, pela abundância de gestos simples. E aqui ele cita novamente o Papa Francisco em sua Bula de Proclamação do Jubileu de 2025: um sorriso, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito.