Se procurarmos no dicionário, acharemos que ingratidão é a “qualidade de quem não reconhece o bem que lhe foi oferecido, nem a ajuda que lhe foi concedida” (https://www.dicio.com.br/ingratidao/). Como é difícil satisfazer nossas expectativas, já que, na maioria das vezes, achamos que o mundo tem que girar em torno de nosso umbigo. Tem pessoa que pensa que Deus e todas as outras pessoas deveriam realizar a vontade dela, como se o mundo tivesse sido criado exclusivamente para ela. Pedimos ao Senhor um filho e, quando nos é concedido, reclamamos que queríamos que ele fosse mais alto, mais inteligente, mais estudioso, interessado em praticar esportes e uma infinidade de outras coisas que nós gostaríamos que ele fosse. Temos a má tendência de comparar as pessoas e achar que o filho do outro é melhor, mais bonito e mais sábio, como se pessoas pudessem ser comparadas da mesma forma que comparamos objetos. Como nos falta maturidade espiritual para compreender que cada ser humano é único e amado por Deus do jeito que ele é, ainda que imperfeito aos nossos olhos! Isso, porque somos egoístas e queremos fazer do outro aquilo que nós queríamos que ele fosse, desrespeitando a individualidade, a capacidade e o livre-arbítrio que cada pessoa tem de fazer suas próprias escolhas. E ainda, culpamos Deus pelo filho não ter estudado medicina ou direito, já que o nosso sonho era ter um filho “doutor”.
Há pessoas que nunca conseguiram conceber ou adotar uma criança e não reclamam, enquanto há pessoas que foram abençoadas com um filho e passam a vida toda reclamando. Agradeça mais, reclame menos. Educar é essencial, mas querer adequar o filho às suas expectativas é cruel e ingrato para com Deus, que lhe concedeu a missão e a graça da maternidade/paternidade, além de ser um total desrespeito ao filho que Deus lhe deu para amar e cuidar, não para ser objeto de vaidade e exibicionismo pessoal… Da mesma forma, os filhos precisam compreender que, por mais que seus pais os amem, eles também têm vida para cuidar, problemas a resolver, lutas a travar. Pais não são gênios que vivem em uma lâmpada e podem ser acionados a qualquer momento, a fim de que realizem os desejos dos filhos. Seja agradecido a Deus pelos pais que Ele lhe deu, pois se você os comparar com os pais dos outros, estará sendo injusto e ingrato. Há crianças que não sabem quem são seus pais biológicos, nem têm pais adotivos. Se você foi colocado na família onde está é porque Deus espera que nela você produza frutos. Se tiver sofrido abusos, abandono ou qualquer mal causado por seus pais, busque ajuda especializada que, aliada à espiritualidade, permitirão que você passe da melancólico condição de vítima a protagonista de uma nova história de perdão, equilíbrio e aceitação. Nada é sorte ou coincidência, tudo é divina providência. “Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos”, perseveramos acreditando que, o que é difícil para nós, não é impossível para Deus. Acredite e confie!
Chegamos a 2021 e o coronavírus não ficou no ano passado. Estamos no meio de uma pandemia que já ceifou mais de dois milhões de vidas no mundo. Clamamos ao Senhor por uma vacina e ele generosamente nos atendeu, não com uma, mas com várias opções. Dotados de dons que Deus lhes concedeu, cientistas de vários países não mediram esforços para desenvolver vacinas seguras, no menor tempo possível, que pudessem conter o avanço das contaminações. Finalmente, no mês passado, para a honra e grandeza de Deus, algumas vacinas foram aprovadas e disponibilizadas. E há quem ainda reclame e queira escolher tomar a vacina desenvolvida pelo laboratório X ou Y, demonstrando uma incoerência imenso por ter sido atendido e ainda demostrar insatisfação com o que o Senhor proporcionou através do trabalho exaustivo dos pesquisadores e cientistas. Realmente, Deus é muito misericordioso para com nossas reclamações e mesquinharias. Que ele perdoe nossa ingratidão!
Papa Francisco e Bento XVI foram vacinados. E, inclusive, Papa Francisco recomendou que todos os fiéis católicos aceitassem ser imunizados. CNBB esclareceu que os riscos de se vacinar são bem menores do que o coronavírus e sua alta taxa de letalidade. E ainda há muitos cristãos católicos surdos aos apelos da Igreja, protestando contra a ciência e a fé. Ninguém é obrigado a fazer nada, mas se você se autodenomina cristão católico, esteja em comunhão com o Papa, a CNBB, o Catecismo e, por favor, não faça propaganda contrária ou protesto ao que a Igreja ensina, exorta e recomenda.
Neste mês, somos convidados a nos dar mais profundamente aos mistérios da nossa fé cristã, para vivenciarmos a Quaresma, com muita caridade, piedade e fé. Este fecundo e oportuno tempo de penitência, nos recorda o período de 40 dias em que Jesus esteve no deserto e foi tentado pelo demônio. Precisamos nos distanciar e renunciar as coisas que nos afastam de Deus, como a busca desenfreada pelo prazer e pela satisfação de todos os desejos carnais. Nós nos tornamos cada vez mais vazios e desestruturados, menos tolerantes e resistentes à dor, quando Deus não é o centro de nossa vida. E, por estarmos acostumados a usar mal a liberdade que o Senhor nos deu, não suportamos ser contrariados, nem temos equilíbrio quando perdemos algo ou alguém, pois vivemos uma realidade fantasiosa de que nos bastamos, julgando desnecessária a prática da oração, da disciplina, da moderação, da escuta e obediência à vontade de Deus. Precisamos nos preparar espiritualmente, através de orações, jejuns e caridade, a fim de abandonarmos os comportamentos que não agradam a Deus. Essas práticas nos recolhem e nos inspiram a um exame profundo de consciência, à confissão e a buscar as coisas do alto, para melhor nos preparamos para a grande Solenidade da Páscoa do Senhor Jesus, que entregou sua vida para nos recuperar do pecado e da morte. Sejamos gratos a ele por tão grande amor para com cada um de nós.