Marcelo Rebelo de Sousa venceu as eleições presidenciais do passado domingo, 24 de janeiro, com 60,70 por cento dos votos naquela que foi a sua segunda candidatura à Presidência portuguesa.
Domingos Pinto – Lisboa
Apesar de uma abstenção recorde, (60,51%), o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa alcançou 60,7% dos votos dos portugueses, seguido da socialista independente Ana Gomes, com 12,97%, e André Ventura, líder do partido Chega, de extrema direita, com 11,9%.
Em quarto lugar ficou João Ferreira, o candidato comunista com 4,32%, seguido por Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, com 3,95%, Tiago Mayan (Iniciativa Liberal), com 3,22, e Vitorino Silva (independente), com 2,94.
As primeiras palavras do discurso do vencedor foram dirigidas a todas as vítimas da pandemia de Covid-19 em Portugal.
“A 2 de novembro, dia da evocação das vítimas da pandemia no Palácio de Belém, havia 2590 mortos. São agora 10469. Para eles, assim como para os mortos não Covid, destes quase 11 meses de provação, vai o meu, o nosso primeiro emocionado pensamento”, começou por dizer o Presidente reeleito.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, esta eleição comprova a “renovação da confiança no Presidente da República em funções”, dizendo sentir-se “profundamente honrado e agradecido”.
O Chefe de Estado entende que os portugueses querem um Presidente “que respeite o pluralismo e a diferença, um Presidente que nunca desista da justiça social”.
“Tenho a exata consciência de que a confiança agora renovada é tudo menos um cheque em branco. Quem recebe o mandato tem de continuar a ser um Presidente de todos e de cada um dos portugueses. Um Presidente próximo, um Presidente que estabilize, um Presidente que una, que não seja de uns, os bons, contra os outros, os maus. Que não seja um Presidente de fação”, explicou.
Marcelo disse ter retirado duas mensagens destas eleições. A primeira é que os portugueses “querem mais e melhor em proximidade, em convergência” e na gestão da pandemia.
A segunda é que deve “tudo fazer para persuadir quem pode elaborar leis a ponderar a revisão, antes de novas eleições, daquilo que se concluiu dever ser revisto para ajustar situações como a vivida” nesta pandemia.
O Presidente acredita que os portugueses “não querem uma pandemia infindável, uma crise económica sem termo à vista, um empobrecimento agravado, um recuo na comparação com outras sociedades”, nem “uma radicalização e um extremismo nas pessoas, nas atitudes, na vida social e política”.
Querem, antes, “uma pandemia dominada o mais ligeiro possível, uma recuperação de emprego e rendimentos”, assim como o “combate à pobreza e à exclusão e um sistema político estável com governação forte, sustentável e credível”.
“Temos de recuperar e valorizar todos os dias as inclusões, as partilhas, os afetos, a cidadania esvaziada pela pobreza, pela dependência, pela distância”, frisou o presidente reeleito que deixou um alerta: “o mais urgente do urgente chama-se agora combate à pandemia”.