QUÉNIA “A capelania parlamentar vai para além da missa e dos sacramentos”

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Num mundo em que a política e a moralidade parecem muitas vezes estar em conflito, os líderes religiosos têm um papel crucial a desempenhar na formação de uma governação ética. Dom Matthew Hassan Kukah, bispo de Sokoto (Nigéria), salientou o papel frequentemente negligenciado dos capelães parlamentares, descrevendo-o como um apostolado que vai muito além da celebração da missa ou da administração de sacramentos.

Vatican News com CISA

Numa entrevista à margem de uma conferência intitulada ‘O porvir da Teologia Africana num Continente que Anseia por uma Nova Ordem Mundial’, organizada pelo Hekima University College a 29 de janeiro de 2025 em Nairobi (Quénia). Dom Matthew Hassan Kukah, falou da importância dos capelães parlamentares.

De acordo com o bispo Kukah, o papel dos capelães parlamentares não é apenas um dever pastoral, mas uma oportunidade de moldar a governação através de uma liderança ética e ética. Para ele, os capelães parlamentares devem ir além das funções religiosas tradicionais para promover um envolvimento significativo com os legisladores. Este processo, explicou, requer tempo, esforço e a criação de ambientes propícios a interações mais profundas.

Partindo de exemplos globais, o Bispo Kukah realçou o papel deliberado que os Jesuítas têm desempenhado na formação da liderança. “Em Washington, por exemplo, a Universidade de Georgetown, uma instituição jesuíta, tem desempenhado um papel estratégico na formação de líderes. É difícil visitar uma embaixada americana em qualquer lugar sem achar alguém que estudou em Georgetown ou uma universidade jesuítica.

O Bispo referiu também o Reverendo Padre Robert F. Drinan, SJ, um jesuíta e antigo congressista americano que fez parte da equipa consultiva do Papa João Paulo II, demonstrando como a influência religiosa pode estender-se para além do púlpito, até à governação.

Do mesmo modo, a Universidade Hekima deve ter como objetivo ser um centro de conhecimento, não apenas para os católicos, mas para todos. O catolicismo deve servir de trampolim para um envolvimento mais alargado porque, em última análise, a Igreja é universal. Não somos católicos porque somos uma Igreja, mas somos uma Igreja porque somos católicos. A nossa fé chama-nos a servir todas as pessoas”, disse o prelado nigeriano.

O Bispo Kukah defendeu que um capelão parlamentar não deve contentar-se com a simples realização de serviços religiosos, mas deve participar ativamente na formação do discurso político. Apelou a que os capelães facilitassem os contactos entre os bispos e os legisladores e assegurassem que as decisões parlamentares estivessem em conformidade com os princípios éticos e morais.

“Por conseguinte, um capelão parlamentar não deve encarar o seu papel como uma mera celebração de missa e regressar com um subsídio confortável”, afirmou, acrescentando:” Em vez disso, devem envolver ativamente os membros do Parlamento, facilitar as interações com os bispos e criar vias para que os legisladores se tornem melhores líderes. Os capelães devem ajudar a moldar as discussões antes de as leis serem promulgadas, em vez de reagirem depois. Podem servir como bússolas morais, oferecendo orientação não só como figuras religiosas, mas também como vozes influentes na governação”.

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