Vejamos algumas questões urgentes que esperam de nós uma vigilância e uma atenção mais exigentes, inclusive na concretização de muitas escolhas pastorais já feitas. É necessário tomar consciência do relativismo, do laicismo e da crise de sentido, dominantes na sociedade de hoje, que rejeita a Igreja e os princípios cristãos, e responder com coragem, formando cristãos adultos na fé, capazes de transmiti-la. Só permanecerá de pé a árvore que tiver raiz bem forte, ou seja, a fé. Neste quesito temos já documentos que nos indicam caminhos: Documento 107 – Iniciação à Vida Cristã: itinerário para formar discípulos missionários; Documento 108 – Ministério e Celebração da Palavra: plano de formação e acompanhamento dos ministros da Palavra. A Comissão de Doutrina da Fé tem os seguintes subsídios doutrinais: o nº 7 – As razões da fé na ação evangelizadora; o nº 10 – Fé Cristã e Laicidade; e o nº 11 – O Magistério dos Bispos.
Sobre o Magistério dos Bispos, podemos nos recordar das palavras do teólogo Joseph Ratzinger no livro de sua autoria “O porvir da fé” (Editora Vozes, 1975):
“O porvir da Igreja pode vir e só virá, também hoje, da força daqueles que têm raízes profundas e vivem da plenitude pura de sua fé. […] O porvir da Igreja, também agora, como sempre, há de ser cunhado novamente pelos santos e profetas. […] Surgirá desta vez uma Igreja que terá perdido muito. Será menor e terá que recomeçar mais ou menos do início. Já não será capaz de habitar os edifícios que construiu em tempos de prosperidade. […] Em todas essas mudanças que se podem conjecturar, a Igreja terá que achar de novo, e de forma decidida, o que é essencialmente seu, aquilo que sempre foi o seu centro: a fé no Deus Trinitário, em Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, e a assistência do Espírito Santo que permanece até o fim dos tempos”.
Em seguida, quero dizer que, para enfrentar a crise, não precisamos só de colóquio e tolerância, mas precisamos voltar às origens, de começar de Cristo e de sua prática libertadora (civilização do amor), de uma verdadeira adesão ao Concílio Vaticano II, que é “bússola segura para o novo milênio” (NMI). A defesa da integridade da fé deve se pautar pela promoção da fé, sobretudo com o testemunho e o protagonismo dos leigos. Sobre este tema temos o Doc. 105 – Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade.
A crise do clero, que adquire aspectos dramáticos, está ligada em última análise a uma crise de fé. Já temos muitos documentos que indicam pistas para uma “conversão das motivações” aos presbíteros, como o Documento 93 – Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja do Brasil. A Comissão de Doutrina da Fé publicou o Subsídio nº 5 – Presbítero, Anunciador da Palavra de Deus, Educador da Fé e da ética da Igreja.