Reconhecer o Estado da Palestina é a solução, diz Parolin. Em Gaza, fome usada como arma

0

O secretário de Estado do Vaticano, em conversa com jornalistas à margem do evento que marcou o Jubileu dos Influencers, enfatizou a importância de reconhecer os dois Estados, Israel e Palestina, “vivendo lado a lado, de forma autônoma, mas também em cooperação e segurança”. Seus pensamentos também se voltaram para uma “solução para o conflito” na Ucrânia, as relações com o Patriarcado de Moscou e a dor pelo ataque a uma igreja católica na República Democrática do Congo.

Giada Aquilino – Cidade do Vaticano

A Santa Sé “já o reconheceu” há algum tempo. Após o anúncio do presidente Emmanuel Macron sobre o Estado da Palestina, que a França reconhecerá em setembro, durante a sessão anual da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, a questão ressurgiu nas palavras do cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin.

Interpelado por jornalistas à margem de um evento para o Jubileu dos Influenciadores, o purpurado recordou que esta é “a solução: o reconhecimento de dois Estados, vivendo lado a lado, de forma autônoma, mas também em colaboração e segurança”.

Respondendo a uma pergunta sobre as alegações daqueles que consideram “prematuro” reconhecer o Estado da Palestina, o cardeal afirmou: “Por que prematuro? Ou seja, em nossa opinião, a solução reside no colóquio direto entre as duas partes com vista ao estabelecimento de dois Estados autônomos.”

Certamente – observou – “está se tornando cada vez mais difícil também devido à situação que surgiu e está surgindo na Cisjordânia”, em relação aos assentamentos israelenses nesses territórios: “Isso certamente não favorece, do ponto de vista prático, o estabelecimento do Estado da Palestina”. Daí a esperança de que as reuniões em Nova York, por ocasião da Conferência Internacional de Alto Nível para a Resolução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, deem “algum fruto”.

É útil lembrar que a Santa Sé já havia assinado um primeiro acordo básico com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) há 25 anos. Depois, há dez anos, assinou um Acordo Abrangente com o Estado da Palestina, que entrou em vigor em janeiro de 2016.

O ataque à Paróquia da Sagrada Família em Gaza

 

Em relação à investigação sobre o ataque israelense contra a Igreja da Sagrada Família em Gaza, em 17 de julho — cujas conclusões iniciais indicam que o tiro disparado contra o prédio, que matou três pessoas e feriu 10, não somente não teria sido propositado, mas tampouco causado por erro humano, mas sim pelo mau funcionamento do projétil ou do mecanismo da peça de artilharia que o lançou — o cardeal Parolin também declarou não tet “outros elementos para fazer uma avaliação diferente. Não pudemos realizar uma investigação independente. Consideramos como válidas as conclusões apresentadas pelo exército israelense e pelo governo israelense, insistindo precisamente para se prestar atenção, porque – acrescentou – a impressão é de que esses erros se repetem com assiduidade. E será necessário colocar particular atenção para evitar que locais de culto e instituições humanitárias sejam novamente atingidos pela violência”, continuou o secretário de Estado. “Cabe a Israel achar uma maneira de garantir que esses erros não se repitam. Acredito que, caso se queira, pode-se achar uma maneira.”

Ele também enfatizou a gravidade da crise em Gaza e a necessidade de ajuda humanitária: “Espero que cheguem, porque a situação é insustentável. E, de fato, como muitas agências internacionais estão relatando, uma nova arma agora é a  da “starvation” (‘fome’), aquela da carestia e da falta de alimentos.”

Uma mediação entre Rússia e Ucrânia

 

Sobre a outra frente de guerra e uma mediação e um encontro de paz entre Rússia e Ucrânia, Parolin declarou não acreditar que “o Vaticano possa ser acusado de não ser neutro. Sempre procuramos, mesmo dizendo as coisas como elas são, estar próximos a ambos os lados e, acima de tudo, ajudar a achar uma solução para o conflito.”

Respondendo a uma pergunta sobre a audiência do Papa Leão XIII no último sábado, no Vaticano, com o Metropolita de Volokolamsk, Antonij, responsável pelas Relações Exteriores do Patriarcado de Moscou, o secretário de Estado classificou o encontro como “positivo” porque “é relevante dialogar, é relevante manter contato e, portanto, tudo isso pode ajudar a restabelecer gradualmente as relações com o Patriarcado de Moscou de forma mais cordial e construtiva”.

Congo devastado pela violência

 

O pensamento do purpurado também se dirigiu para o “sinal perigoso” para os cristãos que foi o ataque de fim de semana contra uma igreja católica em Ituri, no leste da República Democrática do Congo, que resultou em dezenas de vítimas. O ataque, realizado por homens armados das Forças Armadas Democráticas Africanas (ADF), “forças que são praticamente uma expressão da Jihad Islâmica e que se impõem com força e violência”, ocorreu, observou Parolin, “naquela região onde já existem tantos conflitos de natureza étnica, cultural e sociopolítica. O fato de se somar também o aspecto religioso – refletiu – agrava ainda mais o problema”.

Fonte

Escreva abaixo seu comentário.

Por favor escreva um comentário
Por favor insira o seu nome aqui