“O discernimento é a arte de ler em qual direção levam os pensamentos do coração, sem se deixar conduzir por aquilo que conduz para onde nunca teríamos desejado chegar” (Silvano Fausti, SJ).
A cada dia, precisamos tomar decisões; nas escolhas pessoais e do ministério. Num mundo complexo, essas se tornam mais complicadas. Por isso, precisamos definir critérios e, como discípulos e discípulas de Jesus, esses devem favorecer opções coerentes com o Evangelho, para uma vida “com sabor do Evangelho”. Com esse intuito, proponho algumas reflexões a respeito do discernimento. Fiel à tradição jesuítica, o Papa Francisco, repetidas vezes, destacou essa dimensão da vida espiritual, fazendo do discernimento algo que pertence à vida cristã “normal”. Inácio de Loyola, com originalidade e modalidade muito atuais, insistiu tanto na necessidade do discernimento. Já nos primeiros séculos da Igreja, os Padres do deserto desenvolveram e usavam esse instrumento para dar orientação segura à vida espiritual e no caminho da fé. O jesuíta Pe. Marko Ivan Rupnik, abrindo seu estudo sobre o discernimento, escreve: é “a arte de conhecer Cristo e reconhecê-lo como nosso Senhor e Salvador”, “arte de comunicar entre Deus e o ser humano e de se compreender reciprocamente”.
A reflexão sobre discernimento se tornou mais atual, agora, motivada por dois importantes eventos eclesiais: a celebração do Sínodo, tempo de graça e de intenso discernimento por parte de todos os membros da Igreja, e o Ano vocacional Nacional (2023), Vocação: Graça e Missão, com as três palavras-chave: despertar, discernir, cultivar.