O patriarca de Babilônia dos Caldeus comenta o anúncio da visita do Papa Francisco ao Iraque de 5 a 8 de março de 2021: há muito tempo vivemos com medo, mas também com esperança. O Santo Padre trará a mensagem de fraternidade da sua última Encíclica. Será um novo Natal para nós.
Antonella Palermo/Mariangela Jaguraba – Vatican News
Uma visita tão desejada pelo Papa Francisco, anunciada nesta segunda-feira (07/12). Uma esperança muitas vezes renovada por uma terra tão provada pela guerra, privação e destruição, amadurece agora numa viabilidade concreta. O patriarca de Babilônia dos Caldeus, cardeal Louis Raphaël I Sako, em nossa entrevista manifesta a expectativa e torna-se porta-voz da comunidade cristã, do povo iraquiano e a voz de quem reza e espera a paz no Oriente Médio.
Dom Sako: Acolhemos a notícia com muita felicidade. O Papa vem até nós e isto significa que ele traz para os cristãos do Oriente, o povo do Oriente, que há tempo vive na incerteza, no medo, com tantos problemas, o seu apoio, mas também a esperança de uma situação melhor. Esta visita é uma peregrinação na qual existe uma mensagem de fraternidade humana. A Encíclica “Fratelli tutti” tem significado não só para os cristãos, mas também para todas as pessoas deste país: chega de guerras, chega de conflitos, chega de morte, destruição e corrupção. Precisamos construir confiança, paz e estabilidade e também solidariedade humana. Esperamos muito do Santo Padre. Esta visita é um momento forte para ele anunciar a verdade. É um ato muito corajoso, especialmente neste momento.
O senhor nos disse há alguns meses que as condições no país não garantiam a segurança. O que mudou nesse ínterim?
Dom Sako: Existe vontade por parte do governo iraquiano. O presidente da República o encontrou e o convidou. Eu também enviei uma carta. Há muito tempo o Papa tinha este sonho de visitar a terra de Abraão. Agora espero que tudo seja positivo para realizar esta visita. Para nós, porque estamos cansados. Ele disse no início de seu pontificado: “Onde houver necessidade, estou pronto para ir”. E isto se realiza. Nós como cristãos, no Iraque, na Síria, no Líbano, um pouco no Oriente Médio, não temos outros meios para nos defendermos a não ser a oração e a esperança. A única coisa que nos dá força é a nossa fé. Na verdade, somos uma minoria em dificuldade, sofremos muito durante os últimos vinte anos no Iraque. Mas se pensarmos na Síria, no Líbano… é uma catástrofe. O Papa trará uma palavra profética para elevar o espírito de todos e abrir os olhos dos cidadãos iraquianos, mas também nos países vizinhos. Ele trará um novo horizonte, de fraternidade, de respeito, de convivência harmoniosa.
Como vocês pretendem se preparar?
Dom Sako: Há mais de um mês temos conhecimento da notícia. Começamos a nos preparar. Agora vivemos o Advento e depois o Natal. Esta visita é como um novo Natal para nós na pessoa do Santo Padre que é pai da Igreja católica. Ele é um pai para todos. Até os muçulmanos o respeitam e estão muito felizes. As pessoas estão ansiosas por esta visita para ouvir o Papa.