Santa Sofia. Vigário Apostólico da Anatólia: uma tristeza partilhada com o Papa

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“Penso em Santa Sofia e fico muito melancólico”: palavras do Papa no Angelus de domingo, muito diferentes das que Francisco mesmo escreveu em sua viagem à Turquia, em 30 de novembro de 2014, no livro de visitas de Santa Sofia: “Contemplando a beleza e a harmonia deste lugar sagrado minha alma se eleva ao Todo-Poderoso, fonte e origem de toda beleza. Peço ao Altíssimo que sempre guie os corações da humanidade no caminho da verdade, da bondade e da paz”

Vatican News

Uma “tristeza partilhada” com a do Papa e dos outros líderes cristãos, como o patriarca ecumênico de Constantinopla Bartolomeu, e muitas outras personalidades e instituições que nestes dias “se manifestaram claramente”.

Desse modo, o vigário apostólico da Anatólia, dom Paolo Bizzeti, comenta à agência Sir as palavras do Papa Francisco no Angelus de domingo (12/07) dirigidas a Istambul, onde o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan, com um decreto, ordenou a reconversão em mesquita da basílica ortodoxa de Santa Sofia, que em 1934 se tornou um museu por determinação do então presidente Mustafá Kemal Ataturk.

As palavras do Papa quando de sua visita a Santa Sofia

“Penso em Santa Sofia e fico muito melancólico”, foram as palavras do Papa muito diferentes das que Francisco mesmo escreveu em sua viagem à Turquia, em 30 de novembro de 2014, no livro de visitas de Santa Sofia: “Contemplando a beleza e a harmonia deste lugar sagrado minha alma se eleva ao Todo-Poderoso, fonte e origem de toda beleza. Peço ao Altíssimo que sempre guie os corações da humanidade no caminho da verdade, da bondade e da paz”.

Aquele memorável momento esteve emoldurado pelos mosaicos do Cristo Pantocrator na cúpula central da antiga Basílica bizantina e os grandes anjos com a majestosa Virgem na bacia da abside.

70% da população turca aprova decisão do presidente

“De acordo com as últimas pesquisas – afirma dom Bizetti –, cerca de 70% da população turca aprovou esta decisão do presidente Erdoğan, um dado que deve ser levado em conta. Não foi uma ação irrefletida do presidente.”

“Em seu discurso, feito na sexta-feira, 10 de julho, Erdoğan reafirmou que o local estará aberto a todos e não mais se pagará a taxa de entrada. É preciso ver como será preparado e se haverá um espaço em frente aos mosaicos da antiga catedral bizantina”, continua o vigário apostólico.

Que seja dada a refugiados cristãos a possibilidade de rezar

Ademais, as referências à fé e à oração feitas por Erdoğan em seu discurso, acrescenta o vigário da Anatólia, “me dão esperança de que seja concedida aos refugiados cristãos a possibilidade de rezar, permitindo a abertura de capelas em território turco”.

“Como homem de fé e religião como ele é, o presidente poderia conceder esta possibilidade aos cristãos que não vivem em Istambul, onde existem muitas igrejas. Em outros lugares não há sequer uma pequena capela para se reunir e rezar. Se a oração e a fé são importantes, então que esta oportunidade seja concedida às pessoas que, no início, se pensava estarem em trânsito, e, ao invés, há anos se encontram na Turquia.”

Uma destas pequenas igrejas encontra-se em Tarso, hoje usada como museu, mas onde “é possível celebrar e reunir-se. Um lugar bem mantido pelas autoridades, seguro e limpo”, ressalta dom Bizzeti.

Que pessoas de toda fé e religião possam se expressar

“Temos problemas, ao invés, para abrir novas estruturas. Na realidade, ainda estamos vinculados às cláusulas do Tratado de Lausanne (de um século) que esperamos que sejam revisadas porque penalizam fortemente algumas comunidades cristãs. Penso que a Turquia possa estar aberta a esta revisão. Vejamos se as potências ocidentais que assinaram o Tratado também podem estar interessadas.”

“De fato – prossegue o bispo –, creio que nos últimos anos na Europa, no que diz respeito à Turquia de Ataturk e Erdoğan, se tem seguido adiante com slogans. Sob Ataturk, o Estado estava impregnado de secularismo extremo e havia menos espaço para as minorias religiosas.”

“Também está em jogo o reconhecimento jurídico da Igreja Católica. Em todo caso – conclui dom Bizzeti –, creio que seja fundamental, para além dos fatos jurídicos, permitir que pessoas de toda fé e religião possam se expressar.”

(Sir)

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