Esses santos inocentes prefiguram todas as crianças que são violentadas, abortadas, roubadas na sua inocência e profanadas pela maldade humana em todos os séculos.
Dom Fernando Arêas Rifan – Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Hoje celebramos a festa dos Santos Inocentes, ou seja, aquelas crianças de Belém e região, que foram assassinadas a mando do Rei Herodes, que pretendia assim matar aquele que ele julgava ser o seu rival, um rei concorrente, o Menino Jesus, conforme nos narra São Mateus, em uma das páginas mais tocantes do seu Evangelho (2, 1-15), onde narra a visita dos (Reis) Magos do Oriente ao recém-nascido menino Jesus:
“Depois de Jesus ter nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém magos do oriente, que perguntaram: ‘Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adora-lo’”.
Que coragem e fé desses Magos! Sem respeito humano, sem titubear, tocados pelo chamamento de Deus através da estrela misteriosa, que apontava a Judeia como o local do nascimento do Rei-Messias, foram logo perguntando por ele, pois vieram adora-lo.
“Ao saber disso, o rei Herodes ficou alarmado e, com ele, Jerusalém inteira. Ele reuniu todos os sumos sacerdotes e os escribas do povo e indagava deles onde o Cristo deveria nascer. Responderam: ‘Em Belém da Judeia, pois assim foi escrito por meio do profeta: ‘E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe que será o pastor de meu povo, Israel’”
Herodes, desconfiado que seria um rei rival, picado pela inveja, tentou um ardil.
“Então Herodes chamou, secretamente, os magos e inquiriu deles o tempo exato em que a estrela havia aparecido. Depois, enviou-os a Belém, dizendo: ‘Ide informar-vos com exatidão acerca do menino; e quando o encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adora-lo”.
Quanta hipocrisia e requinte de maldade!
O Evangelho então narra a visita dos Magos ao menino Jesus e os presentes simbólicos que lhe ofereceram: ouro, simbolizando a sua realeza, o incenso, reconhecendo a sua divindade, e a mirra, representando a sua humanidade.
“E avisados em sonho para não voltarem a Herodes, retiraram-se para sua terra, por outro caminho”. E um anjo apareceu em sonho a São José, ordenando-lhe que fugisse com o menino e sua mãe para o Egito, “porque Herodes vai procurar o menino para mata-lo”. “Herodes, então, ao perceber que fora enganado pelos magos enfureceu-se e mandou matar, em Belém e em toda a circunvizinhança, todos os meninos abaixo de dois anos…”.
São esses os santos inocentes que celebramos neste dia.
“Essas crianças morrem pelo Cristo, sem saberem… Cristo faz suas legítimas testemunhas aqueles que não falam… Ainda não falam e já proclamam Cristo. Não podem ainda mover os membros para a luta e já ostentam a palma da vitória” (S. Quodvultdeus).
Esses santos inocentes prefiguram todas as crianças que são violentadas, abortadas, roubadas na sua inocência e profanadas pela maldade humana em todos os séculos.