Nesta sexta-feira, dia 4 de setembro, a Catedral Católica Maronita Nossa Senhora do Líbano, em São Paulo, acolheu um ato inter-religioso no dia de jejum e oração pelo Líbano. Presentes mais de 10 confissões e religiões, para mostrar também a convivência do Líbano.
Silvonei José – Vatican News
O Papa Francisco na última quarta-feira, durante a Audiência geral convocou um dia de oração e jejum pelo País dos Cedros, o Líbano para este dia 4 de setembro. “Ofereçamos nossas orações por todo o Líbano e por Beirute. Estamos próximos também com o compromisso concreto da caridade, como em outras ocasiões semelhantes. Convido também os irmãos e irmãs de outras confissões e tradições religiosas a se unirem a esta iniciativa nas modalidades que considerarem mais adequada, mas todos juntos”, disse Francisco.
E nesta sexta-feira, dia 4 de setembro, a Catedral Católica Maronita Nossa Senhora do Líbano, em São Paulo, acolheu um ato inter-religioso no dia de jejum e oração pelo Líbano. Recordou-se nesta data um mês das explosões que atingiram a zona portuária da capital libanesa, Beirute, em 4 de agosto, deixando 220 mortos, 6,5 mil feridos e cerca de 300 mil desabrigados.
A convite do Eparca Maronita No Brasil, Dom Edgard Madi, o ato na capital paulista reuniu representantes cristãos e muçulmanos que fizeram, cada um segundo sua tradição religiosa, orações e preces pelo povo libanês que, além da recente tragédia, sofre com uma crise política e econômica sem precedentes da história desse país do Oriente Médio.
Que Deus abençoe o Líbano
Dentre os participantes, estava o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, que, em sua prece, invocou a misericórdia e a clemência de Deus em favor do “querido povo do Líbano”, ao qual os brasileiros estão unidos com laços fraternais históricos. “Atende aos gemidos e súplicas de seus filhos e de todos aqueles que te invocam a partir da sua fé e da confiança na tua providência e misericórdia”, rezou.
Dom Odilo pediu, ainda, que a população desse país tenha a sua dignidade respeitada, acolhida e reconhecida e, assim, sejam superados todos os motivos de tensão e divisão. “Desperte em todos um renovado senso de solidariedade porque só estando unidos, dando o melhor de si, é que podem resolver as situações difíceis pelas quais passam nessa terra onde também Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador, visitou e fez prodígios”, ressaltou.
O Arcebispo continuou sua oração pedindo que todas as nações se unam na busca de soluções adequadas e justas para levar a paz aos libaneses e a todos os povos ao seu redor.
“Concede aos líderes políticos bom discernimento, prudência, paciência, senso de justiça e solidariedade. Concede a todos os líderes culturais e sociais, a mesma boa vontade na busca de uma boa solução para seu povo. Que os líderes religiosos que, em teu nome, anunciam tua Palavra e teu louvor, possam ajudar a construir uma sociedade fraterna, na diversidade, no respeito às convicções mútuas, porém, na convicção de que tu és o Pai de todos e, portanto, todos somos irmãos aos quais queres bem”, completou o Cardeal.
Eis o que disse à Rádio Vaticano, Dom Odilo logo após o ato inter-religioso:
“Nesta manhã, do dia 04 de setembro, atendendo ao chamado do Papa Francisco aqui em São Paulo fizemos um momento inter-religioso de oração e de manifestação em favor do Líbano. São Paulo concentra uma grande variedade de grupos religiosos, cristãos, de várias confissões cristãs, e também grupos muçulmanos, além de outros. Assim aqui na catedral Nossa Senhora do Líbano, da Igreja Católica de rito maronita nós estivemos reunidos e fizemos uma manifestação, certamente interessante, e também transmitida ao Líbano. Uma manifestação seguindo aquilo que o Papa Francisco pede, de intercessão pelo povo libanês, pelo Líbano, para que possa superar a atual crise que tem várias frentes: a crise sanitária, da saúde, a crise econômica, a crise polícia, a crise social, a crise religiosa. Enfim, para que este país tão querido, tão próximo a nós aqui em São Paulo, possa superar os seus problemas, que são grandes. Que Deus abençoe o Líbano. Que Nossa Senhora do Líbano interceda por todo esse povo”.
Líbano, “um paraíso”
“O povo libanês já estava crucificado por tantos sofrimentos e essa explosão foi como uma lança que o perfurou”, afirmou Dom Edgard Madi, Eparca Católico Maronita no Brasil em entrevista ao O SÃO PAULO, concedida no dia seguinte às explosões. Ele fez referência à cena do Evangelho de João em que Jesus crucificado teve o seu lado perfurado pela lança.
“Humanamente, é muito difícil compreender tudo isso. Nós já estávamos buscando ajudar os nossos irmãos, como podíamos, a enfrentar essa terrível crise e, de repente, acontece uma catástrofe devastadora como essa”, lamentou.
O Eparca, contudo, convidou todos os libaneses a terem um olhar sobrenatural sobre a tragédia e, da mesma forma que associou o sofrimento à cruz, o bispo enfatizou que a fé dos cristãos libaneses se apoia na ressurreição de Cristo. “Nossa fé é maior, a morte não tem a última palavra. Jesus Cristo, morto na cruz, ressuscitou e nosso povo também ressuscitará”, completou.
Eis o que disse Dom Edgard Madi à Rádio Vaticano – Vatican News nesta sexta-feira no dia de oração e jejum pelo Líbano:
“Hoje dia mundial de oração e jejum, segundo o pedido do Papa Francisco. Agradecemos esse convite para o mundo rezar pela intervenção divina pelo Líbano. O Líbano vai ser um país, como disse o Papa Francisco de paraíso, com a ajuda de todos os santos e a intervenção divina. Por isso, hoje fizemos uma oração inter-religiosa que mostrou também nossa ligação e obediência ao Papa Francisco. Tinha mais de 10 confissões e religiões presentes, para mostrar também a convivência do Líbano. O Líbano è um país de convivência, de missão. Agradecemos sempre o Espírito Santo que está soprando no espírito do Papa Francisco para melhorar e deixar o mundo mais presente na oração e no jejum”.
Fonte. O São Paulo
Foto: Luciney Martins