Resolver o difícil e o complexo em uma Igreja sinodal: respeito, sensibilidade, acolhimento.
Padre Modino – Regional Norte 1 da CNBB
A Igreja é chamada a responder a questões difíceis e complexas, a situações que provocam reações diferentes. Como responder a essas realidades em uma Igreja sinodal, como saber escutar, como ingressar em colóquio com aqueles que pensam de forma diferente, mesmo com aqueles que pensam de forma muito diferente? As guerras religiosas, os confrontos de todos os tipos fazem parte da história, mas na Igreja que o Papa Francisco deseja, na Igreja sinodal, de comunhão, participação e missão, as decisões devem tomar caminhos diferentes.
Respeito, sensibilidade e acolhimento
O método de conversação espiritual com o qual as comunidades para o discernimento comunitário, os círculos menores, as mesas redondas, buscam responder às questões colocadas no Instrumentum Laboris, para que funcione, deve ser inundado por atitudes de respeito, sensibilidade e acolhimento. Somente dessa forma, e na medida em que todos se sentirem feridos e necessitados de reconciliação, poderão ser tomadas medidas para curar internamente e achar caminhos de cura para a humanidade.
A diversidade é algo que enriquece, sempre enriquece, nos ajuda a ter perspectivas diferentes, o que nos leva a evitar visões únicas e monocromáticas nas quais alguns insistem, e continuam a fazê-lo, apesar do esforço que o Papa Francisco e a grande maioria dos batizados e batizadas estão fazendo para tornar a Igreja mais sinodal, superando divisões e unindo forças para avançar e ser uma Igreja mais crível, especialmente para aqueles que vivem afastados.
Iluminados pelo Espírito para responder ao conflito
É nos momentos de tensão, nas questões difíceis, que o nosso ser pessoas, mas também o nosso ser Igreja, está em jogo. Romper a unidade na diversidade nos afasta de Deus e permite que as ideologias se imponham em realidades que deveriam ser inundadas pelo Evangelho, com sentimentos de fraternidade e amor. Os irmãos, diante de posições diferentes, se deixam conduzir por aquilo que une e ajuda a criar caminhos comuns, e para uma Igreja sinodal esse deve ser sempre o modelo a seguir.
Não se trata de fugir dos conflitos ou de deixar questões complexas sem resposta; trata-se de se deixar iluminar pelo Espírito de Deus e de crescer juntos naquilo que ajuda a vislumbrar caminhos comuns, uma Igreja sinodal. Na medida em que os principais temas presentes na Assembleia Sinodal – comunhão, participação e missão – forem assumidos, a resolução das questões difíceis e complexas se tornará mais fácil.
Não é um caminho simples, mas é o caminho do Evangelho, o caminho de Deus, que, a partir da unidade na diversidade, a partir de seu ser trinitário, nos ajuda a entender que é isso que vale a pena. O fato de outros insistirem em caminhos contrários não é desculpa para continuarmos acreditando na necessidade de escutar, dialogar, respeitar, ter sensibilidade e acolher a todos, inclusive aqueles que veem a realidade de forma diferente. Afinal, quem disse que ser uma Igreja sinodal é fácil?