Sínodo: a guerra nunca é uma solução, mas a busca pela fraternidade sim

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A oração comum pela grave situação no Oriente Médio une os participantes do Sínodo em andamento no Vaticano. Durante a coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé, foram ilustrados os temas que surgiram na Sala Paulo VI na tarde de quarta (11). Nesta quinta (12), a entrega dos relatórios dos Círculos Menores sobre a segunda parte do Instrumentum Laboris e também a peregrinação às catacumbas.

Paolo Ondarza – Vatican News

Oriente Médio, Ucrânia, Iraque, África. A oração pela paz une a Igreja em todo o mundo. Esta é a mensagem que vem do Sínodo sobre a Sinodalidade. Ela foi discutida na tarde desta quinta-feira (12) durante a coletiva de imprensa de atualização na Sala de Imprensa do Vaticano. As vozes que se revezaram expressaram a urgência de caminhar juntos no colóquio inter-religioso e intercultural.

O poder da oração pela paz

Margaret Karram, presidente do Movimento dos Focolares, árabe, cristã-católica, de origem israelense e palestina, deu um testemunho à mídia: a oração de súplica desta quinta (12) no Sínodo, diz ela, é “um momento muito forte” porque, confessa, “desde o início da guerra eu estava com o coração dilacerado e me perguntava o que estava fazendo aqui no Sínodo”. Unir-me em oração com todos foi um momento muito profundo”.

De acordo com Margaret Karram, muitos esforços são necessários para a paz, mas “o poder da oração é crucial”. “Essa experiência está me ensinando o que significa caminhar juntos, dialogar, deixar-se desafiar pelos outros, e a sinodalidade não é apenas uma metodologia, ela deve se tornar um modo de vida da Igreja: ouvir o outro com respeito, além das opiniões diferentes”.

Em oração com o mundo inteiro

A presidente do Movimento dos Focolares citou em seguida as numerosas iniciativas de oração inter-religiosa realizadas nestes dias, também por meio de plataformas digitais, para envolver o maior número possível de fiéis em todo o mundo. “Nesta quarta (11) houve também uma conexão com a Ucrânia. Concordamos em nos achar ao mesmo tempo para rezar juntos por meio da iniciativa Living Peace e também pedimos gestos concretos de solidariedade para com os irmãos de outras religiões, juntamente com o compromisso de assinar um apelo pela paz a ser dirigido aos governantes”.

O bem que não faz barulho

As boas ações não fazem barulho, apenas falam de ódio, mas Margaret Karram faz questão de salientar que em Israel muitos estão preocupados em construir pontes com os que vivem em Gaza. “Tenho um amigo judeu”, confidencia ela, “que decidiu rezar ao mesmo tempo que os muçulmanos para se unir a eles em oração”.

O compromisso de todos

A presidente do Movimento dos Focolares, após as perguntas da imprensa, pediu uma ação coral da comunidade internacional, para que as negociações sejam retomadas e se perceba a urgência de resolver o conflito: “ainda há muito silêncio. A minha voz sozinha não dará frutos, é necessário o empenho de todos para promover o respeito aos direitos humanos e a reconciliação entre os povos”.

África e sinodalidade

“A sinodalidade já faz parte da cultura africana”, diz dom Andrew Nkea Fuanya, arcebispo de Bamenda, Camarões, e presidente da Conferência Episcopal do país. Em nossa Igreja, fazemos tudo juntos, como em uma família. Este sínodo, acrescenta ele, “é um grande consolo para a África, porque às vezes nos sentimos abandonados, mas a união em oração com a Igreja universal nos dá coragem e nosso continente pode deixar sua marca no Sínodo”. Quanto à guerra, o prelado afirma com convicção: “ela nunca é uma solução”.

O Evangelho que une diferentes línguas

A Irmã Caroline Jarjis, médica do centro de saúde de Bagdá e religiosa da Congregação das Filhas do Sagrado Coração de Jesus, também experimentou ser uma família no Sínodo. Nesta quinta (12), junto com os outros participantes da Assembleia, ela leu o Evangelho em seu próprio idioma, o árabe, e ficou impressionada com o fato de suas palavras terem sido compreendidas por todos. “Deus está presente no trabalho que fazemos no Sínodo, Ele nos escolheu e nos preparou antes de virmos para Roma. Juntos”, continuou ela, “estamos tendo a experiência dos primeiros cristãos que compartilhavam tudo”.

O testemunho dos mártires iraquianos

O olhar da Irmã Caroline transmite esperança, embora ela não esconda os sinais de 20 anos de sofrimento em seu país. “Eu vim de um país em guerra, onde os cristãos são minoria, mas a riqueza da nossa Igreja é dada pela presença dos mártires. O sangue deles”, disse ela aos jornalistas, “nos dá o impulso para continuar, e eu voltarei para lar com uma força maior, derivada dessa experiência de comunhão com a Igreja universal”.

Instigada pelas perguntas dos jornalistas, a freira iraquiana expressa seu total apoio à decisão do cardeal Louis Raphael Sako de se aposentar da sede do Patriarcado de Bagdá após a decisão do presidente Rashid de revogar o decreto da Igreja Caldeia que reconhecia o cardeal como líder e responsável pela propriedade eclesiástica. “É correto viver com dignidade como cristãos em uma terra de martírio: não somos cidadãos de segunda classe”.

Peregrinação às Catacumbas

Na tarde desta quinta (12), os participantes do Sínodo foram convidados a fazer uma peregrinação às Catacumbas de São Sebastião, conhecidas por abrigar os restos mortais dos Santos Pedro e Paulo, e os de São Calisto e Santa Domitila. Na manhã desta sexta (13), após a missa no altar da Cátedra da Basílica de São Pedro, presidida pelo cardeal Ambongo Besungu, será realizada a oitava Congregação Geral, que abordará o terceiro módulo do Instrumentum Laboris.

Enquanto isso, na tarde de quarta (11), com a sétima Congregação, e nesta quinta (12) de manhã, com a sexta Sessão dos Círculos Menores e a entrega dos relatórios à Secretaria Geral do Sínodo, foi concluído o trabalho do segundo módulo dedicado à “Comunhão”.

Os tópicos da sétima Congregação Geral

Nesta quarta (11), 343 membros estavam presentes na sala, 36 dos quais falaram. Entre os temas que surgiram estão o colóquio inter-religioso e intercultural, o impacto do colonialismo sobre as comunidades indígenas, a importância do Sacramento da Reconciliação, que nos permite ser aceitos se pedirmos o perdão dos pecados, ouvindo e envolvendo os jovens em sua sede de achar Jesus. Nesse sentido, durante a coletiva de imprensa, monsenhor Nkea Fuanya compartilhou a experiência de sua diocese, onde, neste ano dedicado à Eucaristia, cada paróquia está preparando uma capela para adoração perpétua.

A figura de Madre Teresa de Calcutá e seu cuidado com os doentes, a urgência do compromisso dos líderes católicos com a promoção da paz, o drama das mulheres marginalizadas nas periferias e a necessidade de inclusão e escuta na vida da Igreja também estiveram no centro dos trabalhos do Sínodo.

O Sínodo e Maria

Por fim, o presidente da Comissão de Informação, Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação, lembrou que nesta quinta-feira, 12 de outubro, é a festa de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora do Pilar. Durante a manhã, disse ele, “foi enfatizada a importância do perfil mariano da Igreja sinodal. Maria é mãe, é leiga, é profecia, é colóquio, é carisma, é santidade, é Evangelho vivido”.

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