Sínodo: crescermos como irmãos, para crescermos como sinodais

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O padre português Sérgio Leal, especialista em sinodalidade, afirma que “ecumenismo e sinodalidade caminham juntos”.

Rui Saraiva – Portugal

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo ficou marcada pelo forte sinal ecuménico dos dias que a antecederam. Em particular, pela grande vigília ecuménica preparada pela Comunidade de Taizé. “Peçamos ao Espírito o dom da escuta para os participantes no Sínodo”, disse o Papa Francisco na ocasião.

O Santo Padre, perante responsáveis de várias comunidades cristãs e milhares de jovens, assinalou a importância de estar “juntos” e unidos pela mesma fé. “Caminhemos juntos, não só os católicos, mas todos os cristãos, todo o Povo dos batizados, todo o Povo de Deus”, disse Francisco.

Nessa vigília de oração ecuménica, no dia 30 de setembro, estiveram presentes o patriarca ecuménico Bartolomeu de Constantinopla, da Igreja Ortodoxa, o arcebispo de Cantuária Justin Welby, da Igreja Anglicana, Anne Burghardt, primeira mulher a assumir o cargo de secretária-geral da Federação Luterana Mundial e também outros responsáveis de Igrejas e comunidades cristãs.

Os representantes das Igrejas cristãs presentes na celebração receberam sementes, como sinal das “sementes de união e sinodalidade”, para serem plantadas em lar.

Ecumenismo e sinodalidade caminham juntos

 

O padre português Sérgio Leal tem vindo a ajudar-nos neste caminho sinodal. Sobre a atitude ecuménica no início do Sínodo, em Roma, recorda uma ida a Taizé e a experiência de colóquio com os monges daquela comunidade. E afirma que “ecumenismo e sinodalidade caminham juntos”.

“Ecumenismo e sinodalidade caminham juntos. O ecumenismo é este esforço e este trabalho conjunto de sermos um só rebanho e um só pastor. De cumprirmos aquele desejo de Jesus que na Última Ceia com os discípulos pede que aqueles que o onde seguir sejam um só como Ele e o Pai são um só. Recordo uma ida a Taizé em que perguntava a um dos monges de Taizé, ao almoço com eles, quando era seminarista, como é que era viver numa comunidade onde uns eram católicos, outros protestantes, outros ortodoxos? Ele respondia: ‘É muito simples. Acreditamos no mesmo Jesus, lemos o mesmo Evangelho e temos o mesmo mandamento que é o do amor’. Isto parece demasiado evidente: acreditamos no mesmo Jesus, lemos o mesmo Evangelho e o mandamento que nos une é o do amor. Este sinal do Papa de querer que o início da assembleia sinodal em Roma seja ecuménico é um sinal para lembrar isto: somos todos seguidores do mesmo Jesus. A fraternidade e a comunhão são imprescindíveis para qualquer caminho. No início do caminho, aquilo que tem de estar sublinhado é dizer: estamos juntos para construir aquele que é o desígnio de salvação que Ele veio trazer ao mundo. Independentemente, das perspetivas pessoais, dos desafios culturais que têm as diversas regiões do mundo representadas no Sínodo, antes de tudo isto está Jesus Cristo, o mandamento do amor e a Palavra que nos une. Crescermos como irmãos, para crescermos como sinodais. Este será um desafio fundamental”, sublinha o padre Sérgio Leal.

A propósito da primeira sessão da assembleia sinodal romana que se encontra agora na última semana dos seus trabalhos, recordamos a recente análise do padre Sérgio Leal relativamente ao caminho a a fazer entre 2023 e 2024.

O docente da Universidade Católica Portuguesa sublinha a importância daquilo que se constrói através do exercício concreto da escuta.

“E é esta a riqueza da assembleia sinodal, que se traduz não só no que cada um diz, mas naquilo que cada um escuta. E creio que isso é o mais relevante do caminho sinodal, é de que ele se constrói não apenas por aquilo que eu digo, mas por aquilo que eu sou capaz de escutar do outro. A cada três intervenções, geralmente no Sínodo, sucedem-se três minutos de silêncio para pensar no que foi dito antes. Por isso, terminada esta primeira assembleia sinodal em Roma haverá um documento final, ou pelo menos algumas orientações. Que não pode ser apenas mais um documento muito interessante, terá de ser já um instrumento de trabalho a partir do qual se começará a fazer caminho até à próxima assembleia”, refere.

Até ao próximo domingo 29 de outubro estão reunidos no Vaticano 464 participantes no Sínodo subordinado ao tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão”. Um processo sinodal que teve inicio em outubro de 2021 e que já percorreu as fases diocesana e continental.

Este é o primeiro tempo do Sínodo em Roma. Em 2024 será a segunda sessão. Entre os dois momentos haverá muito caminho sinodal a percorrer.

Laudetur Iesus Christus

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