Síria. Pároco de Aleppo: o Natal ilumina a escuridão da guerra e da pobreza

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Padre Bahjat Karakach, da igreja de São Francisco de Assis, compara as casas com a gruta onde Jesus nasceu, um lugar “sombrio e frio”. As crianças sofrem e os pais são impotentes. A ‘luz da fé’ para levantar uma nação moribunda. Ong cristã promove um bingo para crianças e pobres

Vatican News

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Em Aleppo, na Síria, as casas em que o Natal foi celebrado são semelhantes “à gruta em que Jesus Cristo nasceu: um lugar sombrio e frio, onde as crianças sofrem e os pais estão desesperados porque se sentem impotentes”.

Quem lança um dramático grito de alarme sobre a situação na que, antes da guerra, era a capital econômica e comercial da Síria, é o padre Bahjat Karakach, pároco da igreja de São Francisco de Assis, em uma reflexão publicada para as festividades.

Na carta, enviada à agência AsiaNews, o sacerdote amplia seu olhar sobre um país que “parece moribundo” e que não mostra “sinais de melhora”. Palavras que confirmam uma realidade marcada pelo conflito e pelas sanções internacionais que explodiram a “bomba da pobreza”, que leva as crianças a catar comida no lixo para sobreviver.

Hoje, 90% da população síria vive na pobreza

Hoje, na Síria, cerca de 90% da população – de acordo com dados oficiais, mas a situação poderia ser muito pior – vive na pobreza com menos de dois euros por dia. Também no país árabe, mais de 6,5 milhões de crianças necessitam de assistência humanitária urgente, o maior número desde o início da guerra em março de 2011; uma geração inteira luta arduamente todos os dias para sobreviver. A isto se somam os 12,4 milhões que experimentam diariamente “insegurança alimentar”, de acordo com as estimativas da Onu.

“Depois de sofrer uma guerra insana durante 10 anos, uma guerra que semeou medo e destruição, ainda hoje nos encontramos – diz o pároco de Aleppo – sofrendo piores condições: frio, pobreza, falta de eletricidade e combustível para aquecimento e gás para cozinhar, deterioração da moeda local, e um rigoroso embargo econômico”.

As consequências do acidente, continua ele, “atingiram os setores mais pobres da população, pessoas que ficaram e não se jogaram com seus filhos no mar para escapar da morte, mas enfrentam uma morte mais lenta”.

Olhar para o Menino Jesus como um sinal de esperança

No entanto, o pároco não se detém nas questões críticas, na escuridão da gruta, mas olha para o Menino Jesus como um sinal de esperança: “A boa nova da qual o Evangelho nos fala é anunciada por São João: ‘A luz brilha na escuridão e a escuridão não a superou’. Ainda há uma luz mais forte – continua o padre Karakach – do que as trevas do mal: é a luz da fé que impele milhares de pessoas a viver o Evangelho de maneira coerente e concreta”.

A festa do Natal ensina que Deus é “extremamente concreto”, um homem que “podemos ouvir, ver e tocar”. No mundo ainda há “muitos portadores de luz, que iluminam a escuridão de nossas duras condições”.

Um sinal de esperança são as doações daqueles que não cedem ao desespero, mas intercedem por seu próximo – um “povo sofredor” – e o servem. Estes gestos tornam aqueles que os fazem semelhantes aos Reis Magos que “apresentam seus dons ao Menino Jesus”: como eles, afirma o pároco, também “vocês nos dão sua proximidade, sua amizade, seu interesse por nosso sofrimento. Mesmo que não tenham a possibilidade de atravessar as distâncias, como fizeram os Magos, todavia vocês não poupam esforços para que possamos sobreviver e conservar a esperança”.

Que o mundo seja invadido pela luz e pelo calor do Salvador

De Aleppo, que “jaz na escuridão”, conclui o sacerdote, e “dos corações de suas famílias tremendo de frio […] desejamos que o mundo inteiro seja invadido pela luz e pelo calor do Salvador”.

Entre as iniciativas lançadas neste Natal por organizações e associações cristãs está o bingo da SOS Chrétiens d’Orient, que foi lançado em 14 de dezembro e terminará com o sorteio final em 22 de janeiro.

Centenas de bilhetes foram vendidos até agora, cujos lucros serão usados para dar às crianças e aos pobres, mas particularmente aos idosos, um presente para a época festiva, mas acima de tudo para fortalecer o vínculo com uma comunidade que por muito tempo foi relegada às margens e esquecida no sofrimento.

(com AsiaNews)

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