A partir do dia 1 de janeiro terminou a UNAMID, a missão de paz das Nações Unidas e da União Africana na região sudanesa de Darfur, iniciada em 2007. Um pedido nesse sentido havia chegado do governo sudanês, que agora terá a missão de manter a paz na região.
Cidade do Vaticano
Iniciada em 2007, a missão da ONU viu envolvidos até 26 mil capacetes azuis para garantir paz e segurança em Darfur. A missão da UNAMID, que viu empenhadas juntas as Nações Unidas e a União Africana, terminou recentemente, não tendo sido renovada na data de expiração, a 31 de dezembro passado. Na passada terça-feira 22 de dezembro, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, de facto, a resolução 2559 que encerra a missão de paz e deixa para o governo de transição do Sudão a tarefa de manter a segurança em Darfur.
O Darfur
O conflito de Darfur começou com a eclosão do conflito entre os rebeldes da região oeste do Sudão e o exército de Cartum em 26 de fevereiro de 2013. A mesma área já havia sido devastada por uma guerra civil entre 1985 e 1988, quando os camponeses da etnia Fur entraram em confronto com gangues árabes armadas do vale do Nilo, os chamados “janjawid”, e com tropas do Chade e da Líbia, no contexto da crise geral no Sudão que levou ao golpe Islâmico-militar em 1989.
Em 2007, nascem as milícias Janjawid, militantes islâmicos recrutados entre os nómadas árabes – os Baggara – que em pouco tempo iniciam uma verdadeira carnificina contra a população negra originária de Darfur. Então se formam o Exército de Libertação do Sudão e o Movimento pela Igualdade, as duas principais forças de antítese aos Janjawids. Desde 2003, segundo estimativas da ONU, mais de 300 mil pessoas teriam morrido em combate, enquanto que os deslocados internos são quase três milhões.
O problema são as armas
“Devemos recordar que no mês passado as pessoas protestaram por muito tempo contra a decisão de interromper a missão, agora a esperança é que o governo de transição faça melhor do que acontecia no passado” – disse em entrevista ao Vaticano News o Padre Giulio Albanese, jornalista e missionário comboniano durante muito tempo em África.
“A verdadeira questão – prossegue Padre Albanese – é que hoje em Darfur existem demasiadas armas e, consequentemente, numerosos grupos armados”. “Estamos a falar – conclui o sacerdote – de uma região rica em petróleo, onde poderia haver bem estar se se trabalhasse para tal. Portanto, máxima prudência e esperança”.
O governo do Sudão
Cabe, portanto, ao governo de transição sudanês garantir a paz e a estabilidade em Darfur, depois da deposição do ex-presidente Omar al-Bashir em 11 de abril de 2019. No mês passado, os Estados Unidos retiraram o Sudão da lista dos países que eles consideram promotores e financiadores do terrorismo internacional, lista em que se encontrava há 27 anos. Esta notícia foi dada pela embaixada dos Estados Unidos em Cartum. Tudo isso dois meses depois de outra notícia anunciada por Washington, a saber, que o Sudão teria reconhecido Israel, tornando-se o terceiro grande País de maioria muçulmana a fazê-lo, depois dos Emirados Árabes Unidos e Bahrein (seguido em 10 de dezembro pelo Marrocos). Israel e Sudão haviam dito num comunicado conjunto que as suas primeiras relações serão na frente económica e comercial, concentrando-se inicialmente na agricultura.