Sudão: queda de El Fasher gera temor pelo destino de 260 mil civis

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Após 18 meses de cerco, a cidade de El Fasher, capital do Darfur do Norte, foi tomada pelos paramilitares das RSF. A derrota das forças armadas sudanesas gera temor pelo destino da população civil. Organizações da sociedade civil e oficiais da ONU alertam para crimes cometidos pelos paramilitares.

Ricardo Balsani – Vatican News

As Forças Armadas do Sudão (SAF) perderam nos últimos dias o controle da cidade de El Fasher, capital do estado do Darfur do Norte, para os paramilitares das Forças de Apoio ligeiro (RSF). A confirmação veio nessa segunda-feira (28/10), tanto de fontes militares como de trabalhadores humanitários presentes na região. No final do dia, o general Abdel-Fattah Burhan, líder de fato do governo sudanês, admitiu a retirada das SAF, justificada como um modo de poupar a população da cidade de mais violência e destruição.

No entanto, a tomada de El Fasher pelas RSF foi acompanhada de numerosos relatos de atrocidades contra civis, inclusive execuções em massa. consideração-se que a cidade ainda abrigasse 260 mil pessoas, metade delas crianças, que já haviam sobrevivido a um cerco de 18 meses. Indícios de crimes de guerra foram encontrados pelo Laboratório de Pesquisa Humanitária, da Universidade de Yale, que analisou imagens de satélite feitas na tomada da cidade. Foram identificadas formações militares de tropas e veículos, que sugerem uma busca lar por lar de alvos civis, inclusive com indícios de covas coletivas na área.



Imagem do canal Telegram das RSF mostraria paramiltares das RSF comemorando a tomada de El Fasher.

Preocupação na ONU

Altos funcionários das Nações Unidas demonstraram perplexidade com a situação. O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, denunciou ataques contra o único hospital que ainda funcionava de forma parcial em El Fasher, que deixaram uma enfermeira morta. Tom Fletcher, subsecretário-geral para Assuntos Humanitários da ONU, expressou “profunda preocupação” com os relatos de vítimas civis e deslocamentos forçados em El Fasher. Em comunicado oficial, ele afirmou que “centenas de milhares de civis estão presos e apavorados — sob bombardeio, famintos e sem acesso a alimentos, cuidados de saúde ou segurança”.

Do ponto de vista militar, a tomada de El Fasher pode permitir às RSF consolidar o domínio de toda a região oeste do Sudão, abrindo aos paramilitares as portas de estados como o Kordofan do Norte, onde foi relatado um acirramento dos combates nos últimos dias. As RSF surgiram a partir das milícias árabes Janjaweed, responsáveis por diversos crimes de guerra durante o conflito na região do Darfur, entre 2003 e 2020. As principais vítimas eram minorias étnicas da região, que novamente se encontram nas mãos de seus algozes.

*Com informações de agências.

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