Terra Santa: superar o clericalismo na Igreja local

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O Patriarca Latino de Jerusalém, dom Pierbattista Pizzaballa, ao presidir a missa no Dia Mundial da Paz, se deteve sobre muitos aspectos internos que caracterizam a Igreja na Terra Santa, entre riquezas e problemas a serem superados. O prelado meditou sobre o tema da paz, se detendo a quatro “barreiras” que, segundo ele, “às vezes erguemos inconscientemente dentro de nós mesmos e entre nós”.

Lisa Zengarini – Vatican News

No coração da homilia do Patriarca Latino de Jerusalém, dom Pierbattista Pizzaballa, por ocasião do Dia Mundial da Paz, estava a reflexão sobre a questão de superar o clericalismo e os particularismos internos que podem “complicar o caminho eclesial” da Igreja local, partindo novamente de Cristo, Aquele que derrubou o muro de separação através da Sua carne. Durante a missa do dia primeiro de janeiro, o prelado quis meditar sobre o tema da paz a partir de uma perspectiva interna, se detendo às “barreiras” que, segundo ele, “às vezes erguemos inconscientemente dentro de nós mesmos, entre nós”.

O flagelo do clericalismo

Dom Pizzaballa, assim, listou quatro barreiras. Primeiro, falou da “distância entre o clero e os leigos”, precisamente do clericalismo, um fenômeno generalizado, como destacado várias vezes pelo Papa Francisco, mas que, observou o prelado, é particularmente evidente na Igreja de Jerusalém. “A colaboração entre sacerdotes e leigos é muitas vezes mal compreendida e acaba se tornando: ‘fazer simplesmente o que quer sacerdote’”. Os fatores culturais não ajudam “a ter uma abordagem compartilhada da vida eclesial”: por um lado, observou ele, é “difícil convencer a ter conselhos paroquiais e saber compartilhar ideias e iniciativas”, por outro lado, é também “difícil achar leigos formados, comprometidos, dispostos a trazer uma contribuição positiva para a comunidade”. Segundo dom Pizzaballa, é “uma barreira real que precisa ser levada em consideração, especialmente pensando na próxima geração que quer ser protagonista na vida da Igreja, e não apenas autora de ordens e diretrizes”.

A escuta recíproca

O Patriarca de Jerusalém falou, então, do abismo geracional entre aqueles que “olham com nostalgia ao passado e lamentam um modelo de Igreja e de comunidade que parece não existir mais hoje”, esquecendo-se, no entanto, de “viver o presente com serenidade cristã”, e os jovens que “desejam mudar até mesmo aquilo que talvez não precise ser mudado”. Ambas as posições, apontou ele, são “fugas do presente”, enquanto o que se pede na Igreja “é se escutar reciprocamente, agradecidos pelo que foi feito até agora e abertos a novos caminhos, de acordo com a Graça de Deus”.

O prelado também destacou a “distância entre a componente local e aquela universal da Igreja de Jerusalém”, ou melhor, a “tentação”, generalizada em todos os territórios incluídos no Patriarcado, de “considerar a componente universal como um ‘hóspede’ e não como parte integrante da Igreja”, ou, por outro lado, de considerar “a componente local como irrelevante, desatualizada ou mesmo em extinção”, quando, ao invés disso, disse o prelado, essas duas almas “devem se apoiar mutuamente, ambas necessárias, ambas constitutivas da identidade e da história da nossa Igreja”.

O coração em Cristo

Outras barreiras são representadas pelas quatro identidades nacionais da diocese: Jordânia, Israel, Palestina e Chipre, “muitas vezes construídas contra ou em antítese”, também devido ao contexto de conflitos em que vive a Igreja local, e as diversidades linguísticas que são “uma riqueza incrível, mas também um obstáculo não menor ao encontro e à partilha”. Dom Pizzaballa, então, salientou que o denominador comum de todas essas dificuldades é o individualismo, “que se tornou central” também na Igreja de Jerusalém. A maneira de vencê-las e para melhorar é, portanto, “partir do nosso relacionamento com Cristo e não das nossas necessidades, colocar o nosso coração no coração de Cristo, ler a nossa realidade, também eclesial, à luz da Palavra de Deus”. E o Patricarca concluiu:

“Não se vive sem amor, e o amor do qual começar é o amor d’Aquele que deu a vida por nós e para a nossa salvação.”

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