O Timor-Leste se destaca por não ter tido, até o momento, um único caso sequer de contágio por Covid-19 na sua comunidade. Isso permitiu que o estado de emergência terminasse no final de junho e fossem reabertas suas fronteiras internacionais, sendo aplicada uma quarentena de duas semanas aos passageiros que chegavam e desinfetada toda a mercadoria em trânsito.
Vatican News
Até este 31 de agosto, Timor-Leste havia registrado 27 casos de coronavírus – dos quais apenas um é sintomático – todos importados. Não houve nenhum óbito informa a Agência UCA News.
O governo desta pequena e pobre nação de maioria católica no sudeste da Ásia, apesar de seu sistema de saúde com deficiências, respondeu prontamente à nova pandemia do coronavírus no final de março, fechando suas fronteiras inicialmente para os não-cidadãos e logo depois para todos, aplicando regras ainda mais rígidas do que na vizinha e rica Austrália, conseguindo assim derrotar a pandemia.
Esta dura resposta permitiu que Timor-Leste se destacasse por não ter tido, até ao momento, um único caso sequer de contágio por Covid-19 na sua comunidade. Isso permitiu que o estado de emergência terminasse no final de junho e fossem reabertas suas fronteiras internacionais – incluindo a fronteira terrestre com a província indonésia de Nusa Tenggara Oriental – sendo aplicada uma quarentena de duas semanas aos passageiros que chegavam e desinfetada toda a mercadoria em trânsito.
Aos cidadãos timorenses que permaneceram no exterior (principalmente estudantes, trabalhadores sazonais na Austrália ou empregados em trabalhos pouco qualificados no Reino Unido, Irlanda e Coreia do Sul), o país ofereceu apoio para permanecerem no exterior. Famílias com um ganho inferior a $ 500 por mês tiveram direito a um subsídio governamental de $ 100 mensais.
O padre jesuíta filipino, padre Erik Gerilla, no passado responsável pelos serviços sociais dos jesuítas em Timor-Leste, contou como foram escrupulosos e cuidadosos os controles em sua chegada ao país em junho. “Assim que chegamos ao aeroporto, nosso corpo e nossas roupas foram borrifados com desinfetante, inclusive as solas de nossos sapatos”, observou ele, reiterando que para viajar ao país é necessário um teste negativo para a Covid-19.
“Uma quarentena de 14 dias – continuou ele – é obrigatória para todos os viajantes”, em hotéis e instalações razoavelmente confortáveis e bem administradas, para onde as autoridades de saúde se dirigem todos os dias para verificar se há desenvolvimento de algum sintoma clínico relacionado com a Covid-19.
No entanto, Timor-Leste também passou por muitas dificuldades durante o lockdown no país. Como em outros lugares, devido ao isolamento, as mulheres sofreram com o aumento da violência doméstica e as crianças com a falta de relacionamento com os colegas na escola. Além disso, o país esgotou todos os seus recursos econômicos e se aproxima assustadoramente do fim de suas receitas vindas do petróleo e do gás, que têm sustentado sua economia até agora.
Pesquisadores da Australian National University descobriram que Timor Leste gastou muito mais do que qualquer outro vizinho do Pacífico para responder à Covid-19. A nação gastou 8,3% do produto interno bruto (PIB), em comparação com 9,5% para a Austrália e 0,8% para Papua-Nova Guiné. A resposta de Timor Leste foi, portanto, quase 100 por cento autofinanciada, apesar de o país ocupar o 20º lugar no ranking de nações dependentes de ajuda a nível mundial.
Vatican News Service – AP