Em vista da 50ª Semana Social dos Católicos na Itália, que está sendo realizada em Trieste, quase 2 mil alunos do ensino fundamental ao médio trabalharam na construção de uma grande toalha em torno da qual se reuniram para almoçar. Em seguida, a toalha foi estendida na Piazza Unità d’Italia, onde 12 cestas básicas foram preenchidas com itens de primeira necessidade para serem doados aos pobres. Bispo Trevisi: “da participação à partilha. Estamos todos satisfeitos”.
Alvise Sperandio – Trieste
Peças costuradas juntas para formar uma grande “Toalha da participação”. Esse é o projeto que tomou forma em Trieste, envolvendo quase 2 mil estudantes, tanto de língua italiana quanto eslovena. A iniciativa é em preparação à Semana Social dos Católicos que será realizada até domingo (07/07), quando o Papa Francisco fará a conclusão dos trabalhos com a celebração da missa na Piazza Unità d’Italia.
Professores, crianças e pais juntos
A ideia foi inspirada pelo artista Irmão Sidival Fila e adotada por um grupo de professores, já acostumados a trabalhar juntos em todos os setores, que se perguntaram como seria possível ajudar as escolas a se prepararem para o grande evento, aberto na quarta-feira (03/07) pelo presidente da da Itália, Sergio Mattarella, e pelo presidente da Conferência Episcopal Italiana, cardeal Matteo Maria Zuppi. O resultado foi um verdadeiro experimento de participação e na lógica da chamada peer education, a educação entre pares: os alunos do ensino médio e fundamental se ajudaram entre si.
Uma experiência estético-operacional que também envolveu pais e famílias: na verdade, cada aluno teve que escolher um tecido significativo que, de alguma forma, contasse um pedaço da vida familiar e da história pessoal: por exemplo, uma toalha de mesa desgastada ao redor da qual comemos juntos muitas vezes; um pedaço de um cobertor velho de quando éramos crianças; um pedaço de uma camisa de futebol com a qual costumávamos jogar no campo e assim por diante.
Uma metáfora dos laços construídos por todos
A toalha de mesa, com 90 metros de comprimento por quase dois metros de largura, foi desenrolada na Piazza Unità d’Italia em 11 de abril para um grande almoço em companhia: atualmente, ela está em exposição na entrada do Generali Convention Center, onde o trabalho de montagem está sendo realizado. Como o bispo de Trieste, dom Enrico Trevisi, explicou em sua saudação na cerimônia de abertura, “a metáfora é linda: a escola como instituição que ensina a criar laços, a tecer os laços das histórias de família”.
Nesses pedaços de tecido, todos escreveram algo: alguns escreveram seus nomes, outros um slogan que resumia algum aspecto do que significa “participar”. Annamaria Rondini, professora do Instituto Carducci-Dante e presidente da Uciim (Associação Profissional Católica de Professores), além de coordenadora dos professores, acrescenta: “escolhemos o caminho da tecelagem justamente para significar essa construção de uma peça em conjunto, para alcançar algo grandioso. Cada menino foi o protagonista de seu próprio trabalho e foi bom que os mais velhos ajudassem os mais novos, que por sua vez aprenderão esse estilo”.
Da participação à partilha
E já que a toalha de mesa, por definição, é para o almoço, naquele dia, na praça principal da cidade, com vista para o mar, cerca de 1.100 alunos e professores comeram ao redor dela, com uma surpresa: nas mochilas trouxeram alimentos não perecíveis doados à Comunidade de Sant’Egidio para que pudessem ser distribuídos àqueles que não estavam no refeitório e que geralmente são mais marginalizados e em dificuldades. “É o milagre da partilha”, enfatizou dom Trevisi, “da participação à partilha. Das famílias e suas histórias, por meio da mediação da escola, chegamos, todos sorridentes, ao centro da cidade. A cena era linda: e não faltou inspiração para vê-la como uma grande toalha de altar, em torno da qual todos têm fome, e não apenas de pão, mas do Amor de Deus. Todos precisam Dele. E saciados por Ele. Para mim, a metáfora da grande toalha dos alunos de Trieste evoca muitos pensamentos bonitos de participação autêntica”, concluiu o bispo.
“Foi lindo”, continuou o professor Rondini, “encher aquela toalha com uma visão intimamente eucarística e uma ajuda muito concreta para os pobres. Essa experiência mais uma vez nos ensina que, se houver uma boa oportunidade, os jovens não hesitam em se envolver: cabe a nós, adultos, criar essas oportunidades de experiência humana”.