Tríplice missão do povo de Deus

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“O Concílio Vaticano II deu destaque a tríplice missão do leigo – o múnus sacerdotal, profético e real. Múnus é um substantivo masculino de dois números na língua portuguesa que significa a função, missão ou obrigação que deve ser exercida por alguém.”

Jackson Erpen – Vatican News

No nosso espaço Memória História – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar hoje sobre a “Tríplice missão do Povo de Deus”.

Participação ativa dos fiéis leigos, iniciação cristã para adultos e diretrizes da formação cristã foram os temas abordados pelo padre Gerson Schmidt* em nossos três últimos programas, sempre inspirados nos documentos conciliares, em particular, na Constituição Sacrosanctum Concilium. Mas já em programa anterior, o sacerdote incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre havia acenado que o Povo de Deus, incorporado a Cristo pelo Batismo, é profeta, sacerdote e rei. No programa de hoje, padre Gerson aprofunda este tema, falando sobre a “Tríplice missão do Povo de Deus”:

“O Concílio Vaticano II deu destaque a tríplice missão do leigo – o múnus sacerdotal, profético e real. Múnus é um substantivo masculino de dois números na língua portuguesa que significa a função, missão ou obrigação que deve ser exercida por alguém. A palavra múnus se originou diretamente do latim munus, que quer dizer “dever”, “ônus”, “função” e “encargo”. O termo múnus é principalmente utilizado dentro do âmbito jurídico, como um conjunto de obrigações de um indivíduo. O múnus também pode ser considerado o emprego ou cargo de uma pessoa, levando em consideração a necessidade de cumprir obrigações durante o trabalho.

 

O Catecismo da Igreja Católica aponta assim no número 1268: “Os batizados tornaram-se “pedras vivas” para a “construção de um edifício espiritual, para um sacerdócio santo” (1 Pd 2,5). Pelo Batismo, os batizados participam do sacerdócio de Cristo, de sua missão profética e régia; “sois a raça eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo de sua particular propriedade, a fim de que proclameis as excelências daquele que vos chamou das trevas para sua luz maravilhosa” (1Pd 2,9). O Batismo faz participar do sacerdócio comum dos fiéis. São Pedro em sua primeira carta diz: “Dedicai-vos a um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por Jesus Cristo”(1Pd 2,5).

Na missa inaugural de seu Pontificado, em 22 de outubro de 1978, o Papa eleito João Paulo II já dizia assim: “O II Concílio do Vaticano recordou-nos o mistério de um tal poder e o fato de que a missão de Cristo — Sacerdote, Profeta, Mestre e Rei — continua na Igreja. Todos, todo o Povo de Deus é partícipe desta tríplice missão. E talvez que no passado se pusesse sobre a cabeça do Papa o trirregno, aquela tríplice coroa, para exprimir, mediante tal símbolo, o desígnio do Senhor sobre a sua Igreja; ou seja, que toda a ordem hierárquica da Igreja de Cristo, todo o seu “sagrado poder” que nela é exercitado mais não é do que o serviço, aquele serviço que tem como finalidade uma só coisa: que todo o Povo de Deus seja partícipe daquela tríplice missão de Cristo e que permaneça sempre sob a soberania do Senhor, a qual não tem as suas origens nas potências deste mundo, mas sim no Pai celeste e no mistério da Cruz e da Ressurreição. O poder absoluto e ao mesmo tempo doce e suave do Senhor corresponde a quanto é o mais —   profundo do homem, às suas mais elevadas aspirações da inteligência, da vontade e do coração. Esse poder não fala com a linguagem da força, mas exprime-se na caridade e na verdade”.

Posteriormente, na exortação Pós-Sinodal Cristhifidelis Laici, João Paulo II afirmava assim: “Nas pisadas do Concílio Vaticano II, propus-me, desde o início do meu serviço pastoral, exaltar a dignidade sacerdotal, profética e real de todo o Povo de Deus, afirmando: “Aquele que nasceu da Virgem Maria, o Filho do carpinteiro — como o julgavam — o Filho do Deus vivo, como confessou Pedro, veio para fazer de todos nós “um reino de sacerdotes”.

O Concílio Vaticano II recordou-nos o mistério deste poder e o fato de que a missão de Cristo — Sacerdote, Profeta-Mestre, Rei — continua na Igreja. Todos, todo o Povo de Deus participa nesta tríplice missão”. Com esta Exortação – dizia o Papa João Paulo II – mais uma vez convido os fiéis leigos a reler, a meditar e a assimilar com inteligência e com amor a rica e fecunda doutrina do Concílio sobre a sua participação no tríplice múnus de Cristo.

Nos próximos programas nos dedicaremos a cada aspecto dessa tríplice missão.”

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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