O quarto ano letivo desde a invasão da Ucrânia por tropas russas começa com grandes dificuldades para as crianças e adolescentes do país. Mais de 10% das escolas ucranianas foram destruídas ou danificadas e os novos ataques mantém um grande número de estudantes fora das salas de aula.
Ricardo Balsani – Cidade do Vaticano
O Fundo das Nações Unidas para a infância (Unicef) alerta que 4,6 milhões de crianças e adolescentes na Ucrânia terão muitas dificuldades para iniciar o novo ano letivo neste início de setembro. 2025/26 será quarto ano letivo desde a invasão em larga escala do país por tropas russas em 2022. Entre salas de aulas danificadas, famílias deslocadas pela guerra e aulas interrompidas pelos combates, mais de um terço dos alunos ucranianos não frequentava regularmente as aulas presenciais no final do último ano letivo 2024/25. 11% das crianças e adolescentes seguiam apenas aulas online.
Segundo o Ministério da Educação e da Ciência ucraniano, mais de 10% das infraestruturas escolares no país foram danificadas ou destruídas entre fevereiro de 2022 e dezembro de 2024. Os prejuízos provocados pela guerra ameaçam privar toda uma geração do direito à educação e ao desenvolvimento socioemocional proporcionado pela escola, colocando em risco a recuperação a longo prazo do país. Muitas das crianças e adolescentes afetados já haviam sofrido com as interrupções escolares durante a pandemia de Covid-19, a partir de 2020.
«Para as crianças expostas aos horrores da guerra, o início do ano letivo é sinônimo de esperança por um ensino sem interrupções, fundamental para o seu desenvolvimento e bem-estar», afirmou Munir Mammadzade, representante da UNICEF na Ucrânia. «Apesar das dificuldades, as crianças estão determinadas a continuar a aprender e a reinvindicar o seu direito à educação, seja em abrigos, estações de metrô ou online», acrescentou Mammadzade.
As escolas ucranianas têm tentando se adaptar às contingências da guerra e hoje estão mais preparadas para oferecer modalidades de ensino que incluem aulas não presenciais. Com relação à estrutura física, 90% delas hoje dispõem de algum tipo de abrigo contra os ataques russos. Um exemplo está no povoado de Bobryk, região de Sumy, próximo à linha de frentes dos combates no norte do país. Ali uma escola transferiu todas suas salas de aula para o subsolo como modo de proteger seus os alunos dos ataques e permitir as aulas presenciais. «Temos de fazer tudo para que esta não seja uma geração perdida», declara o diretor da escola Oleksii Korenivskyi.
Para as crianças em idade pré-escolar a interrupção dos serviços escolares é particularmente grave. Nessa idade são lançadas as bases do aprendizado e a socialização e a brincadeira estrurada oferecidas pela escola são fundamentais. Muitas das crianças ucranianas nunca frequentaram a pré-escola e, nas regiões da linha da frente, 83% das crianças pequenas mostram sinais de desconforto emocional e atrasos no desenvolvimento.
*Com informações do Unicef e agências de notícias