Os voluntários da Comunidade Papa João XXIII estarão distribuídos em 800 praças e paróquias italianas neste final de semana, na Itália. A iniciativa de solidariedade visa alimentar aqueles que perderam tudo por causa da pandemia. Com um guardanapo dá para “reservar” um lugar à mesa nas instalações da comunidade, que a cada ano garante 7 milhões e meio de refeições no mundo.
Igor Traboni – Vatican News
Padre Orestes Benzi, sempre comprometido com a assistência aos pobres e excluídos, talvez até tivesse esquecido de comemorar seu 95° aniversário. Mas, a cidade de Rimini não esqueceu. Pelo contrário, como presente a um de seus filhos mais ilustres, dedicou-lhe a praça da estação ferroviária, totalmente reformada. Ali, há muitos anos, o jovem sacerdote havia iniciado a sua obra de ajuda aos mais necessitados.
“A praça da estação rodoviária – disse o prefeito de Rimini, Andrea Gnassi – era um lugar da cidade, que havia caído no esquecimento, por causa da indiferença de seus habitantes, em relação a lugares e pessoas abandonados. Este dom representa um pouco a vida deste pequeno sacerdote, que soube ver o bem e o bom, onde ninguém via”.
Esta afirmação do prefeito foi retomada e ressalta por Paulo Ramonda, primeiro sucessor do sacerdote de Rimini, na direção da Comunidade João XXIII: «Padre Benzi amava aquele lugar, que, às vezes, se tornava refúgio dos ‘descartados’, cujos corações soube perscrutar, tanto que, hoje, esta sua obra é um ponto de referência no mundo».
Precisamente nas pegadas do Padre Benzi, hoje tantas problemáticas, que causam outros “descartados” ou “novos pobres”, precisam de ajuda: com a pós-pandemia, as pessoas, que antes estavam discretamente bem, agora se encontram sem trabalho, com metade do salário para sustentar suas famílias; ou então os trabalhadores, que conseguiam sobreviver de modo digno, hoje se encontram em condições precárias. A todas estas pessoas a Comunidade João XXIII lhes dedica, de 26 a 27 de setembro, a iniciativa “Uma refeição por dia”, distribuída por seus voluntários em 800 praças italianas. Além da Itália, hoje, a obra de Padre Benzi está presente em 40 países do mundo, com mais de 500 casas de acolhimento. Todos os anos, a Comunidade distribui 7,5 milhões de refeições aos mais necessitados, mas é preciso um esforço maior.
“Para muitos – dizem os membros da Comunidade fundada por Padre Orestes Benzi, em 1968 – a realidade é a mesma, após tantos anos: os indigentes são sempre os mesmos, em busca de ajuda para sobreviver, dia após dia; são inúmeros os que se dirigem aos refeitórios e centros de escuta para pedir apoio e, sobretudo, uma das coisas mais necessárias: comida. Há algum tempo, porém, o número dos necessitados aumenta cada vez mais. Trata-se dos chamados “novos pobres”, que perderam tudo por causa da pandemia do Covid-19; gente que enfrenta sérios problemas por ter perdido o emprego, por não poder pagar as contas, o aluguel e empréstimos; mas também gente com problemas psicológicos e de saúde, obrigados a adiar seus tratamentos por causa da atual situação que, antes era difícil, mas agora é dramática”.
Daí a importância de dar uma mão à Comunidade, dando um sinal concreto de acolhimento e solidariedade aos que mais precisam. A este respeito, artistas da Associação italiana de Autores de Imagens está dando a sua contribuição com a criação de uma coleção de porta-guardanapos, objetos úteis e simbólicos, colocados sobre a mesa, para marcar o lugar de quem faz a refeição. A compra destes objetos é um modo de participar e de contribuir com a Comunidade Papa João XXIII; é como reservar um lugar à mesa da Comunidade para quem, hoje, não tem o que comer; é como “convidar” uma pessoa em dificuldade a sentar-se à mesa para saciar sua fome (mais informações no site www.unpastoalgiorno.org).
“A fome é, antes de tudo, uma questão de tirania social, à qual nós, da Comunidade, buscamos responder, não apenas dando de comer, mas também com a nossa vida – explicam os responsáveis da Comunidade Papa João XXIII -, uma escolha radical e diferente, baseada na partilha da nossa existência com os pobres e excluídos da sociedade. Logo, torna-se mais atual do que nunca a primeira intuição do Padre Orestes Benzi: ajudar os indigentes, pelo menos com uma refeição por dia, oferecer-lhes nossa amizade e tornar, com eles, uma família, até que os últimos sejam os primeiros”.
Trata-se de um compromisso, em sintonia com a exortação do Papa Francisco, que nos convida para a necessidade de crescer juntos, como comunidade, levando em conta os últimos e zelando pela nossa lar comum. Por isso, aderindo a este convite do Papa, a Comunidade do Padre Orestes Benzi participará da iniciativa “A Economia de Francisco”, através de uma série de projetos e atividades, voltados para a defesa da terra.
MT / L’Osservatore Romano
