“Condenamos veementemente o assassinato de dois cidadãos pela polícia”: escreveu a Conferência Episcopal da Zâmbia (ZCCB) numa nota divulgada depois da morte de duas pessoas durante uma manifestação no passado 24 de dezembro.
Cidade do Vaticano
A população se havia reunido em frente do Comando das Forças de Segurança de Lusaka, onde o líder da antítese e membro do Partido Unido para o Desenvolvimento Nacional, Hakainde Hichilema, estava sendo interrogado. Entre os principais adversários do actual presidente, Edgar Lungu, nas próximas eleições marcadas para agosto, Hichilema foi ouvido pela polícia para alguns esclarecimentos sobre uma venda ocorrida há vinte anos.
Mandato da polícia é salvaguardar a vida dos cidadãos
Nos confrontos entre a polícia e os manifestantes, algumas testemunhas afirmam ter visto a polícia atirando directamente contra a multidão, enquanto a polícia afirma que as duas pessoas morreram depois do lançamento de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Por seu turno, a ZCCB sublinha que as forças de segurança agiram “contra o seu mandato principal, que é o de salvaguardar a vida dos cidadãos, independentemente da sua filiação política, social, cultural e religiosa”.
País guiado por princípios da democracia
Reiterando que o País deve ser guiado por “princípios da democracia, entre os quais a liberdade de reunião, expressão, manifestação e acesso à informação”, os prelados exortam “aqueles que têm a responsabilidade de proteger tais direitos a não cometer abusos, semeando gravemente a desintegração nacional”. Daí o pedido dos Bispos ao Presidente Lungu de “permanecer neutro para dar ao País uma verdadeira liderança, que é absolutamente necessária”, e garantir “que as disposições da Constituição sejam estrictamente respeitadas por todas as instituições governamentais, incluindo as forças do polícia”. Os prelados pedem igualmente ao Chefe de Estado para que “assegure que uma investigação detalhada seja iniciada imediatamente para apurar quem foi a pessoa que deu ordem de disparar, com um uso excessivo da força, e quem é o oficial que executou a ordem “, para que os culpados sejam processados segundo a lei.
Agentes da segurança nacional dotados de profissionalismo
O Ministério do Interior e o Comando Central da Polícia são igualmente questionados: a eles a ZCCB pede que assegurem que, entre os agentes responsáveis pela segurança nacional, “haja um elevado nível de profissionalismo que inclua a capacidade de saber como agir perante cidadãos desarmados e pacíficos, exercendo a própria missão sem esperar por ordens dos partidos políticos”. E, a este propósito, a Igreja católica exorta os partidos a “agir sempre dentro dos limites da lei e a usar uma linguagem construtiva” para o bem do País. “Convidamo-vos a ser canais e instrumentos da paz de Deus – concluem os Bispos, dirigindo-se aos líderes políticos. Não fecheis a porta ao colóquio, mas sede prontos a empenhar-vos, de forma genuína, na reconciliação nacional”.