Vozes e testemunhos de alguns dos 70 mil fiéis vindos de todo o mundo em peregrinação para atravessar as Portas Santas das principais basílicas papais para o evento que envolve as agregações eclesiais. O encontro com Leão XIV na Praça São Pedro na noite deste sábado (07/06) para a Vigília de Pentecostes e neste domingo (08/06) para a missa conclusiva.
Lorena Leonardi e Fabrizio Peloni – Vatican News
“Os ramos de uma árvore têm formas e tamanhos de todos os tipos e seguem direções diferentes entre si, mas sempre buscam a luz”. É assim que a panamenha Emilia González, dos Cursillos de Cristiandad, tenta explicar a realidade composta pelas agregações eclesiais que, desde a manhã deste sábado, 7 de junho, atravessam as Portas Santas das várias basílicas papais por ocasião do Jubileu dos Movimentos, Associações e Novas Comunidades.
Uma nova centelha
“Cada um de nós, à sua maneira, quer nutrir a Igreja através da sua riqueza espiritual e missionária nas diferentes formas de seguir Jesus. Esse é um grande dom de comunhão e testemunho de compromisso com o magistério do Santo Padre”, acrescenta ela que chegou a Roma com cerca de 40 compatriotas do movimento nascido em 1944. Vinda do país que em 2019 sediou a Jornada Mundial da Juventude, Emilia ressalta à mídia vaticana que “essa convocação geral” com o Papa Leão XIV é também “uma grande fonte de esperança e uma nova centelha para viver o cristianismo, descobrindo o amor de Deus, a misericórdia de Jesus e a iluminação do Espírito Santo”. As associações eclesiais participam na noite deste sábado (07/06), na Praça São Pedro, da Vigília de Pentecostes com o bispo de Roma que, neste domingo (07/06), celebrará a missa da solenidade na Praça São Pedro.
Por isso, já nas primeiras horas da madrugada, a Praça Pia está repleta de fiéis vindos de todos os cantos do mundo, ansiosos por percorrer o último trecho do caminho até a Porta Santa da Basílica de São Pedro, levando consigo a cruz da esperança.
O valor da oração
Entre os “cursillos” está também Juan, 25 anos, pianista, para quem o Ano Santo significa “abraçar” com a oração “também os momentos difíceis e seguir em frente com fé” e ir além, “divulgando uma mensagem de unidade e amor, verdadeira necessidade em um mundo devastado pela guerra”, acrescenta ele, com o pensamento voltado para o Oriente Médio e a Ucrânia.
As “mães” do Congo
Da República Democrática do Congo, em trajes tradicionais coloridos, chegam Françoise e Madeleine: são duas “Mamans catholiques” e pertencem ao movimento fundado em Kinshasa em 1986 pelo cardeal Joseph-Albert Malula para reunir mulheres casadas ou solteiras, com ou sem filhos, segundo uma “vocação à maternidade na Igreja” segundo o modelo mariano. Madeleine, 70 anos, dos quais 30 passados dentro da associação muito difundida no país africano, conta o papel desempenhado pelas “mães”, que se ajudam mutuamente e acompanham as comunidades eclesiais, enquanto Françoise admite, enquanto espera para atravessar a Porta Santa, sentir “um pouco de arrepios”.
O papel dos evangelizadores leigos
Pe. Pietro Marchetti, pároco em Massa Lombarda, diocese de Ravenna-Cervia, à frente do grupo paroquial da Ação Católica, está feliz “com a presença de 20 crianças da comunidade que admiram com seus próprios olhos, e não pelos relatos de outros, esta experiência da Igreja universal; enquanto para nós, adultos, é de grande importância o aspecto penitencial destes dois dias”. O sacerdote lembra “o papel fundamental — já consagrado pelo Concílio Vaticano II — desempenhado pelos leigos na evangelização”.
“Somos a representação de uma Igreja viva e unida, milhares de pessoas em oração e em festa, a serviço do Sucessor de Pedro e em escuta madura do Espírito Santo”, confia Emilio Puñet, que junto com a esposa coordena em Barcelona o Movimento Apostólico de Schoenstatt na região catalã.
A pertença à Igreja mãe
Trata-se de viver “uma experiência que não pode deixar de nos fazer crescer espiritualmente, sentindo-nos à vontade dentro da grande família da Igreja universal”, afirmam alguns jovens poloneses da comunidade Água de Vida — em Varsóvia, todos as terças-feiras se reúnem na igreja de São Tiago junto com o Pe. Roman Trzciński, que também hoje está com eles —, destacando como este grande evento jubilar representa para cada comunidade “a pertença à Igreja mãe em sua essência”.
A poucos metros de distância, ao longo da Via della Conciliazione, cerca de 40 escoteiros vindos de Bari, entusiasmados e barulhentos como só os adolescentes podem ser, apesar da longa viagem e de um programa exaustivo com retorno à região italiana da Puglia à noite. Pamela, de 16 anos, sorri com a ideia de “devolver a esperança” à sua fé; Anna, dois anos mais nova, também está confiante “num porvir melhor”; enquanto Sophie, muito jovem, sente que “tem algo em que realmente acreditar” e “se sente melhor na relação com os outros”.