100 anos da Consolata em Moçambique: Jubileu marcado por memória e compromisso

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O Santuário de Massangulo foi palco no último domingo (22/06) da celebração do centenário da presença dos Missionários da Consolata em Moçambique. A Missa solene, presidida pelo Arcebispo de Nampula, Dom Inácio Saúre, reuniu fiéis de todo o país e contou com intervenções marcantes do Governo e dos próprios missionários, que renovaram o seu compromisso com a evangelização no segundo século de missão.

Cremildo Alexandre – Nampula, Moçambique

Fé, memória, histórica e renovação missionária marcaram a celebração do Jubileu dos 100 anos da presença dos Missionários da Consolata em Moçambique, no Santuário de Nossa Senhora da Consolata, na Diocese de Lichinga, província do Niassa. A Missa solene foi presidida por Dom Inácio Saúre, e concelebrada por vários bispos e sacerdotes das dioceses moçambicanas.

Entre os presentes destacaram-se Dom Osório Citora Afonso, Bispo Auxiliar de Maputo, Dom Atanásio Canira, Bispo local, e representantes das autoridades locais, incluindo o Secretário de Estado na Província do Niassa, que realçou o papel da Igreja na formação ética e social das comunidades.

Na homilia, Dom Inácio apelou à consolação dos pobres, deslocados e esquecidos, denunciando as causas da miséria social:

“A idolatria do poder, da corrupção e da feitiçaria gera sofrimento. Não podemos permanecer indiferentes quando 77% das nossas crianças vivem em pobreza extrema.” Acrescentou ainda: “Consolai, consolai o meu povo – este é o mandato divino a cada missionário.”

Celebração da Eucaristia em Massangulo pelos 100 anos de presença dos Missionários da Consolata em Moçambique

Celebração da Eucaristia em Massangulo pelos 100 anos de presença dos Missionários da Consolata em Moçambique   (Cremildo Alexandre, Rádio Encontro (Nampula, Moçambique))

O Secretário de Estado na província do Niassa, Silva Livone, destacou a importância da acção evangelizadora da Consolata ao longo deste século:

“O Governo de Moçambique reconhece o contributo das Confissões religiosas na transmissão de valores éticos e na metamorfose das comunidades. Este centenário é um sinal de esperança renovada.”

O momento mais emotivo da celebração foi o discurso do Padre Cassiano Calima, Superior dos Missionários da Consolata para Moçambique e Angola. Recordou a entrega dos primeiros missionários que, “homens de Deus, com as suas forças e fragilidades, amaram esta terra e o seu povo. Alguns deram até a própria vida. Que descansem em paz.”

Fez ainda referência viva aos catequistas e animadores que caminharam lado a lado com os missionários na evangelização, agradecendo pelos frutos visíveis da missão:

“A semente lançada tornou-se árvore. Entre os frutos contam-se homens e mulheres formados, estruturas de culto e obras sociais em várias dioceses do país.”

O Superior salientou o surgimento de uma geração autóctone consolatina: quatro Bispos missionários da Consolata (incluindo dois moçambicanos) e 39 missionários moçambicanos, dos quais 21 servem fora do país.

Missionários da Consolata na celebração do jubileu dos 100 anos de presença em Moçambique

Missionários da Consolata na celebração do jubileu dos 100 anos de presença em Moçambique   (Cremildo Alexandre, Rádio Encontro (Nampula, Moçambique))

“O nosso desafio é sermos missionários do segundo século, com coragem, discernimento sinodal e fidelidade ao Espírito Santo, mantendo a fidelidade ao carisma de São José Allamano.”

No final da celebração, ressoaram as palavras de São Paulo como guia para o porvir da missão:

“Não estejais inquietos por coisa alguma, mas levai tudo diante de Deus com oração e acção de graças. E a paz guardará os vossos corações em Cristo Jesus.”

A celebração foi marcada por cânticos tradicionais, danças, oração e uma forte expressão de unidade entre os povos, missionários e representantes da Igreja e do Estado. A Virgem Consolata foi invocada como Mãe e Protectora desta missão centenária, que continua viva, vibrante e profética no coração de Moçambique.

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