Reflexão para o XXIX Domingo do Tempo Comum

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Devolver a César o que é de César, significa dizer não a tudo que explora e domina; devolver a Deus o que é Dele, é lutar pela libertação de todos, para que todos tenham vida.

Padre César Augusto, SJ – Vatican News

Deus também age através de fatos políticos; assim foi com o nascimento de Jesus em Belém de Judá e hoje, nossa primeira leitura, extraída de Isaías 45, 1.4-6, nos fala de Ciro, 557 a 529 a. C. governante dos persas, como o ungido do Senhor, que irá derrotar os dominadores daquele tempo que oprimem Israel, no caso, Ciro, rei dos persas vai submeter Babilônia, a grande dominadora. Dentre suas primeiras ações está a ordem de libertar todos os exilados (Israel está no exílio há mais de 50 anos) e permitir que voltem às terras dos seus antepassados. Ciro é sinal expressivo da liberdade de Deus em servir-se de qualquer homem para realizar seus projetos e transformá-lo em seu instrumento de libertação.

Passemos para o Evangelho de Mateus 22, 15-21 onde o Senhor deixa claro a função das dimensões civis e religiosas com o célebre “Dai a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus”.  Esse dito de Jesus tem sua explicação por causa de uma situação semelhante à da primeira leitura, quando Roma dominava Israel e todos os judeus deveriam pagar impostos a Roma, algo humilhante e odioso.  Os fariseus e outras lideranças judaicas enviam emissários para colocarem Jesus em uma armadilha, perguntando se era lícito ou não pagar o imposto ao imperador estrangeiro. Se Jesus diz sim, ficaria mal com os judeus, se diz não, ficaria mal com os romanos. Jesus, inteligentemente reverte a armadilha ao questionar a eles, de quem era o retrato na moeda. Eles respondem que era de César. Logo reconhecem que o dono da moeda era o imperador, jamais um judeu poderia, sem transgredir os mandamentos em cunhar uma moeda com a efígie do imperador ou de outra criatura. Logo, a moeda não poderia ser judia. Aí Jesus manda devolverem ao imperador pagão, o que lhe pertence, e manter sob a posse de Deus, o que é Dele. Se os fariseus estavam com uma moeda no bolso, era porque estavam integrado dentro do regime opressor e, com isso, também oprimiam seus compatriotas. Jesus, o Libertador, em sua armadilha faz com que sejam revelados os corações dos judeus opressores, que comungavam com o poder estrangeiro e opressor; devolver a César o que é de César, significa dizer não a tudo que explora e domina; devolver a Deus o que é Dele, é lutar pela libertação de todos, para que todos tenham vida. Ora, se sobre a moeda está a efígie do imperador, sobre o ser humano está a de Deus, pois o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. O homem Ciro foi libertador, tantos outros foram liberadores, todos criados á imagem de Deus. Jesus, o homem por excelência foi gerado à imagem do Pai e como o verdadeiro ungido, o Cristo, nos possibilitou, pelo batismo, sermos homens ungidos.

E nós em nosso relacionamento social, seja familiar, conjugal, profissional ou outro, temos consciência de que o outro não nos pertence, mas sim a Deus; temos consciência de que nossa missão será sempre a de libertá-los de fazê-los crescer; que nossa postura, principalmente em época de eleições, deverá ser a da busca da justiça, denunciando e nunca nos calando?

Temos consciência de que o partidarismo cego é pagão e idólatra? A mesma observação vale para as ideologias e cumplicidades, se sou livre, se sou de Deus, se Ele é meu único Senhor, devo ser coerente com minha filiação e com Aquele de quem sou imagem e semelhança.

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