A Catequese Contemporânea | Diocese de Valadares

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A Catequese como se praticava na Europa parecia não bastar para educar os cristãos em um mundo marcado pela industrialização e pelo urbanismo. Em torno de Munique e Viena surgiu uma renovação metodológica, que consistia numa Catequese didática dos graus formais. Sua apresentação era intuitiva, com narrações ou comparações; explicação partindo do concreto ao geral e em diálogo com os catequizandos; aplicação à vida concreta, como meio de verificação prática do conteúdo.

A crescente indiferença religiosa continuou a estimular a reflexão dos catequistas, que se deixavam enriquecer por novas contribuições da pedagogia. Importantes pedagogos chegaram à conclusão: melhor se aprende o que melhor se faz. A catequese tinha que formar para a vida, procurava-se que o grupo de catequese recebesse o ensinamento, mas também se brincava e se celebrava festas, organizava-se obra de caridade, educava-se a consciência moral e entrava-se em contato com os ritos litúrgicos.

A catequese deixa de ser o ensino de um sistema de verdades religiosas e de princípios morais e passa a ser o anúncio da mensagem cristã. O catequista deixa de ser professor e passa a ser testemunha. O núcleo da mensagem é constituído pela pessoa de Jesus Cristo. Foi o Concílio Vaticano II que propiciou essa nova mentalidade, mais sensível à dimensão antropológica, experiencial, comunitária e política da catequese.

Não só a Palavra de Deus tem como destinatário o ser humano; a Palavra de Deus se fez humana, chega-nos encarnada nos acontecimentos, situações e palavras humanas. Por isso, depois do Concílio Vaticano II, a catequese orienta-se a fazer descobrir e acolher, à luz das experiências bíblicas, as mensagens que, da vida, Deus dirige à humanidade. Fato marcante para a catequese ‘da experiência’ foi a Semana Internacional de Catequese de Medellín (1968), que cunhou a famosa definição: “ação pela qual um grupo humano interpreta sua situação, vive-a e expressa-a à luz do Evangelho”. A catequese que surge em Medellín, chamada catequese libertadora, tem o mérito indubitável de mostrar como a salvação está enraizada na história humana, porém há o perigo de reduzir a salvação cristã simplesmente às libertações sociopolíticas.

As contestações sofridas pela catequese na década de 1970 exigiram séria reflexão, o que resultou na publicação de um verdadeiro corpus catequético: Diretório Catequético Geral, da Congregação para o Clero, em 1971; Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA), da Congregação dos Ritos, em 1972; Evangelli Nuntiandi, de Paulo VI, em 1975; Mensagem do Sínodo ao Povo de Deus (1977); Catechesi Tradendae, de João Paulo II, em 1979; Catequese Renovada, da CNBB, em 1983; Redemptoris Missio, de João Paulo II, 1990; Catecismo da Igreja Católica, da Santa Sé, em 1992; Diretório Geral para a Catequese, da Congregação para o Clero, 1997; Diretório Nacional de Catequese, da CNBB, em 2005.

Hoje, não se concebe mais uma catequese que não seja comunitária, cristocêntrica, antropológica ou experiencial e libertadora. Entender e praticar a catequese deste modo supõe tomar absolutamente a sério a experiência humana; e supõe também tomar a sério a Escritura como o relato das mais profundas experiências de Deus com um povo e por meio das quais Ele nos comunicou e nos deu a conhecer seu desígnio de fazer-nos família sua.

(3ª parte dos artigos de Dom Félix sobre “Catequese e Liturgia”).

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