A omissão pode ser uma mentira cruel

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Olá! Espero que você esteja bem!
Muitas pessoas quando acusadas de terem mentido, se defendem com o argumento de que omitir não é o mesmo que mentir! De fato, isso parece bem válido e verdadeiro. Em inúmeras situações a omissão não passa de uma decisão de não elucidar algum fato, conteúdo ou opinião.

A ideia, entretanto, de que omissão não é mentira gera, muitas vezes, a falsa sensação de que a omissão é inofensiva e isso pode ser péssimo, pois a omissão pode provocar males irreparáveis.

O foco de nossa reflexão é a omissão que se traduz, na prática, numa mentira. Paradoxalmente, uma omissão que gera no/a interlocutor/a uma compreensão distorcida, falsa, equivocada da realidade; que fortalece um entendimento errado das coisas; que contribui com a perpetuação da ignorância (no sentido de desconhecimento) sobre algo relevante ou até essencial para vida. Esse tipo de omissão é cruel!

Para evitar especulações desconectadas da realidade concreta, vamos refletir sobre alguns exemplos de omissões que podem gerar danos irreparáveis ou de difícil reparação.

1) Alguém, com quem você tem espaço e liberdade para dialogar (um amigo, um familiar, um colega de trabalho, um membro de sua comunidade etc.), tem uma visão completamente distorcida sobre o uso de algum medicamento: nutre, propaga e pauta as ações em crenças forjadas em fake news. Você, por outro lado, tem informações baseadas na ciência e em fontes confiáveis sobre o assunto. A omissão pode ser um potencializador do erro daquela pessoa, especialmente se ela confia em você!

2) Por causa de sua condição social ou profissional (você é pai ou mãe, avô ou avó, professor ou professora, catequista, enfim, responsável pela formação de alguém ou formador de opinião!) percebe que uma criança, adolescente, jovem ou qualquer outra pessoa que está sob sua responsabilidade, está sendo vítima de visões de mundo (política, religiosa, ética etc.) que alienam, controlam, imprimem culpa, imbeciliza… tem obrigação de alertar e informar sobre a existência de formas mais equilibradas de pensar, crer, agir, viver. Ficar omisso é contribuir, cruelmente, com algo ruim para as pessoas.

Para finalizar duas observações: 1) Não é possível dialogar com quem está absolutamente fechado ao colóquio, portanto, sejamos inteligentes e estratégicos na superação das omissões que nos ameaçam; muitas vezes é preciso saber jogar: perder para adquirir! 2) Lutar contra o risco da omissão não dá a ninguém o direito de impor seu ponto de vista – ainda que seja verdadeiro – às pessoas. Não se vence, com êxito, a omissão criando imposições. O colóquio e a tolerância são essenciais neste processo.

Por José Luciano Gabriel. Diácono Permanente da Diocese de Governador Valadares. Advogado. Professor. www.jlgabriel.com.br

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