Costa do Marfim. Bispos apelam à justiça, reconciliação e paz para consolidar o País

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“A Igreja na Costa do Marfim ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz” – é o título da carta pastoral que a Conferência Episcopal da Costa do Marfim (Cecci) apresentou à imprensa no passado dia 21 de julho, em preparação às próximas eleições presidenciais, e em que os prelados lançam forte apelo à reconciliação, justiça e paz, para consolidar o País.

Cidade do Vaticano

O documento, que chega três meses antes das eleições presidenciais, marcadas para 31 de outubro, quer sublinhar a importância de consolidar o País com “a coesão social” para “construir uma sociedade cada vez mais fraterna, aberta a todos, respeitosa da dignidade e dos direitos da pessoa humana e atenta em estabelecer, entre todos os cidadãos, laços de amizade, confiança e respeito recíproco”.

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Os prelados também convidam a “olhar juntos e com objetividade para a situação de crise” que a nação está a viver há muitos anos: as suas consequências, de facto, “marcam a todos”, disse o padre Emmanuel Wohi Nin, secretário geral da Cecci, durante a conferência de imprensa.

Slouções concretas para alcançar a reconciliação

Publicada em formato de livro, a carta pastoral é composta por 79 páginas, 83 pontos e 3 partes: na primeira descreve-se a Igreja “chamada a viver a comunhão com Deus, com os outros e com a Criação”; na segunda, se reflete sobre a Igreja “ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz”; enquanto que na terceira parte se recorda o “empenho de todos na construção de uma sociedade pacífica”. Mas não só: os prelados indicam também soluções concretas para alcançar a reconciliação: de facto, ela “deverá ser inclusiva e participativa no sentido de que não deve excluir nenhum antagonismo e deve ser acompanhada por actos corajosos e honestos”. Daí a ênfase na importância “da escuta e do encontro recíproco, da aceitação de um passado doloroso, da consideração dos sofrimentos de cada um”.

Princípio da subsidiariedade e luta contra a corrupção

A Cecci apresenta propostas concretas também no que diz respeito à justiça que só se poderá alcançar graças à “promoção de uma ordem justa, no respeito pelo princípio da subsidiariedade e na luta contra a corrupção”. Os bispos costamarfinenses também deploram aqueles representantes do governo que, nos últimos anos, “procuraram manipular a justiça segundo os seus próprios interesses”, atacando eventualmente um antagonista político e deixando livre “gente responsável ​​por crimes”. Por isso – advertem os prelados – “não basta organizar as eleições para que o País esteja em paz”. O que é necessário, pelo contrário, é “cultivar o amor e a fraternidade por meio de palavras, acções e relações marcadas pela convivialidade.

Igreja quer fazer a sua parte na construção da paz

Todos, portanto, são chamados a construir e a consolidar a paz: “A Igreja – sublinham, de facto, os Bispos da Cecci – poderá contribuir de modo credível para a construção e consolidação da coesão social na Costa do Marfim somente se os pastores e os fiéis leigos se reconciliarem entre eles”, dando assim valor à “missão profética” da própria Igreja. Os bispos – explicou o Padre Wohi Nin – desejam “fazer a sua parte e assumir as suas responsabilidades” porque “apenas uma autêntica reconciliação realizada na verdade e na justiça trará uma paz duradoura à sociedade costamarfinense”.

Aprender a ser homens e mulheres de mediação

“Nascemos com os punhos fechados – acrescentou o sacerdote – e leva uma vida inteira para aprendermos a abri-los. A fraternidade, de facto, é um caminho repleto de rupturas, de sofrimento e perdão, de feridas e cicatrizes. Mas devemos aprender a ser homens e mulheres de mediação e comunhão para extrairmos da nossa fé aquela força que move as montanhas”, concluiu o secretário geral da Cecci, anunciando também que a 116ª Assembléia Plenária dos Bispos terá lugar de 26 a 31 de julho de 2020, em Yamoussoukro.

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