Do documento sobre a lar comum, os elementos operacionais para enfrentar os desafios

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Na Sala de Imprensa vaticana, nesta quinta-feira, a apresentação do Documento “A caminho para o cuidado da lar comum”, divulgado por ocasião do quinto aniversário da Encíclica “Laudato si'” e elaborado pela Mesa Interdicasterial da Santa Sé sobre ecologia integral. O encontro contou com a presença de 6 oradores, incluindo dom Paul Richard Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados.

Debora Donnini, Silvonei José – Vatican News

É a pandemia da Covid-19 e a questão do que “nós” podemos fazer, a traçar os caminhos sobre os quais dom Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado, ilustra o documento “A caminho para o cuidado da lar comum”, que, esclarece, não é um duplicado da Laudado si, mas pretende relançar a riqueza do seu conteúdo cuja relevância emerge também à luz da crise criada pelo coronavírus, que apela a decisões que não podem ser adiadas. A introduzir a apresentação Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa vaticana.

Mas o Documento proprõe também oferecer uma orientação para a leitura da Encíclica com elementos operacionais, minimizando os riscos de mal-entendidos e promovendo a colaboração entre os Dicastérios e as instituições católicas. Resultado do trabalho colegial de muitos Dicastérios do Vaticano, mas também de muitas Conferências Episcopais, este texto abarca situações que vão da economia doméstica até às implicações para a comunidade internacional.

Contrastar o “buraco de ozono”

“Tenho o prazer de informar – disse dom Gallagher -, da próxima adesão da Santa Sé à emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal sobre as substâncias que empobrecem a camada de ozono, um instrumento destinado a combater tanto o problema do chamado “buraco do ozono” como o fenômeno das alterações climáticas. Um instrumento que vai na direção desejada pelo Santo Padre”. O desafio proposto é exigente, o que exige um colóquio sobre o bem comum que também pode reforçar a cooperação multilateral, necessária mas não suficiente para dar uma resposta adequada ao desafio que nos apresenta o nosso tempo.

Os discursos no Vaticano

No centro do discurso de dom Fernando Vérgez Alzaga, secretário-geral do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, estiveram as muitas boas práticas postas em ato pelo Governatorato, que vão desde os painéis fotovoltaicos no telhado da Sala Paulo VI até à nova iluminação da Praça de São Pedro e da colunata de Bernini, com uma economia de energia de até 80%, ao projeto “Jardins Bio” nos jardins do Vaticano e aos carros elétricos e híbridos, até à remodelação da central térmica do Estado e a reorganização do sistema de coleta do lixo. “A reorganização do sistema de coleta de lixo urbano – explica – permitiu uma diferenciação de 59% em 2019, melhorando em 12 pontos o resultado obtido no ano anterior. A remodelação do Centro de coleta do Estado permitiu uma clara melhoria também no que diz respeito aos lixos especiais, não perigosos e perigosos, conseguindo diferenciar 99% dos lixos geridos”. Estão também em curso muitos outros projetos.

O desafio ambiental e educativo

Dom Angelo Vincenzo Zani, secretário da Congregação para a Educação Católica (dos Institutos de Estudos), recorda que o Documento Interdicasterial faz parte do ensinamento social da Igreja, fazendo referência à Constituição Apostólica Ex corde Ecclesiae sobre as Universidades, na qual se recomenda desenvolver cada vez mais o ensino da doutrina social da Igreja nas universidades católicas: existem 1.865 universidades católicas presentes em todos os continentes. Entre os elementos importantes destacados, dom Zani assinala a ligação com o evento sobre o Pacto Global de Educação, que foi adiado e será realizado como um verdadeiro evento em 2021, antes de, em outubro próximo, se realizar uma etapa telemática. No documento, existem então 5 fichas didáticas com várias sugestões. Ferramentas importantes para o mundo da escola amadurecer, através da educação à cidadania ecológica, a responsabilidade para com o ambiente e, assim, dar às gerações futuras um mundo melhor. É, pois, necessário recordar que a crise não é apenas ambiental, mas antropológica e que devemos ter uma perspectiva holística da fragmentação do conhecimento. A dimensão transcendente para uma verdadeira mudança é, pois, central. Citadas então várias experiências de universidades católicas no mundo, no sentido de uma ecologia integral. Mas também, em nível das escolas, as experiências implementadas sobretudo por Congregações religiosas.

Um desenvolvimento inspirado na ecologia integral

“Trata-se de ousar um desenvolvimento integral que se inspire na ecologia integral”, um caminho para a vida e o porvir da vida, assinala dom Bruno Marie Duffé, secretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. O seu pensamento vai para algumas boas práticas dos jovens já em vigor. Depois, o forte apelo às palavras do Papa Francisco, em 27 de março, para implorar o fim da pandemia: “É tempo de reajustar o curso da vida em direção a Vós, Senhor, e em direção aos outros. “Laudato si é um caminho para os atores do porvir”, concluiu dom Duffé.

Atenção ao sistema alimentar e de água

Aloysius John, secretário-geral da Caritas Internationalis, recorda que as organizações da Caritas estão prestando ajuda humanitária neste momento de pandemia e que os pobres foram os mais afetados. Esta é uma crise sistémica e este é um período de escolha. A Cáritas exorta, por conseguinte, a enfrentar as causas na sua raíz. A Laudato si dá-nos uma indicação e a Cáritas quer dar voz ao grito das comunidades locais, que apelam para ações específicas, especialmente sobre segurança alimentar e acesso à água, sublinha. Por exemplo, com sistemas alimentares de pequena escala, mantendo simultaneamente a atenção à dignidade do trabalho e do ambiente. É igualmente relevante respeitar os ecossistemas: a proteção da biodiversidade.

Tomás Insua, Co-fundador e Diretor Executivo do Global Catholic Climate Movement (Movimento Global Católico pelo Clima), salienta que este movimento, nascido em 2015 após a publicação da Encíclica, começou como uma pequena rede que depois se desenvolveu com centenas de organizações católicas em todo o mundo. E sublinha como é encorajador o fato de o documento fornecer orientações operacionais.

 

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