A primeira ordenação de padre que eu participei foi a do Pe. Nelito, em Matipó; eu tinha 8 anos de idade e fui com meus pais para esta ordenação. Ele teve uma breve passagem por Alvarenga, quando ainda era diácono. Para quem não sabe, minha mãe é xará do Pe. Nelito, ela se chama Nelita.
Tive a oportunidade de conhecê-lo melhor no Seminário em Caratinga. Através das aulas, fui me aproximando dele e pude conhecer este grande ser humano.
Em 2006, após minha Ordenação Diaconal, fui designado para trabalhar como diácono na Paróquia São Judas Tadeu, com o saudoso Pe. Pedro Crisólogo e também com o, agora, saudoso Pe. Nelito.
Confesso que foi um tempo de muito aprendizado. Conheci um homem de fé, homem do Evangelho, profeta da esperança e da paz.
Tive a graça de tê-lo como pregador do retiro espiritual em preparação para a minha Ordenação Presbiteral. Ele refletiu comigo a Encíclica do Papa Bento XVI “Deus caritas est”, Deus é amor.
Naquele retiro espiritual, Pe. Nelito me disse: “Toda vez que você for celebrar uma Missa, reze como se fosse a primeira vez, pois assim você não perderá o zelo e o significado do sacrifício da Missa: fazer da nossa vida sacerdotal uma entrega e doação à comunidade.
Ele deixou uma marca indelével em nossa diocese, sobretudo nas pastorais e movimentos sociais. Sua presença nos movimentos sociais era efetiva e afetiva; ele se entregava de corpo e alma naquilo que se propunha a fazer.
Pe. Nelito tinha “cheiro das ovelhas”, principalmente das ovelhas sem voz e sem vez. Sempre preocupado com as causas sociais, sempre combatendo as injustiças e opressões na busca por dignidade e direito dos sem vez e sem voz. E, falando em voz, quero ressaltar que ele, com toda sua bagagem de conhecimento, não era uma pessoa soberba, tinha o prazer de compartilhar seu conhecimento e sabedoria de uma forma clara e eficaz, sem ser arrogante.
Pe. Nelito, sua voz não será sucumbida e muito menos esquecida, o que você plantou ficará eternizado em nossos corações! Como disse a poeta Adélia Prado: “O que a memória amou já ficou eterno”. Sua voz profética continuará ressoando por todos os lugares que você passou, principalmente em nossa diocese.
Era prazeroso ouvi-lo em nossas reuniões, encontros e palestras! A saudade já existe, mas vamos continuar nossa história, nossa caminhada de Igreja e lutando sempre por uma Igreja mais solidária, misericordiosa, missionária e profética. Assim, estaremos sempre lembrando o saudoso Pe. Nelito.
Para finalizar, uma última palavra: Gratidão. Obrigado por tudo o que você fez pela nossa Igreja particular de Governador Valadares! Descanse em paz junto de Jesus, o Bom Pastor!