A jovem comunidade monástica em festa depois de alcançarem três importantes metas: 25 anos de fundação; o fim da restauração do antigo complexo monástico e a elevação canônica de priorado a abadia. Vinte monges de 10 países com idade média de 30 anos, esta é a imagem da comunidade que vive em Núrsia, seguindo a antiga regra monástica de São Bento
Vatican News
Neste sábado, 15 de junho, dia de grande alegria nas colinas próximas a Núrsia, região Úmbria da Itália. A comunidade beneditina que vive lá agradece por ter conseguido três alcançar três importantes metas. Primeira, 25 anos de vida: a comunidade foi fundada em 1999 em Roma, onde teve seu início aventureiro antes de chegar às montanhas Sibillini. Depois, o fim da restauração do complexo monástico, um antigo mosteiro capuchinho, para onde os monges se mudaram depois que o terremoto de 2016 destruiu seu mosteiro anterior, adjacente à co-catedral de Núrsia. “Já havíamos comprado o prédio e o terreno da diocese em 2007″, explica Dom Benedetto Nivakoff, “porque estávamos procurando um lugar mais calmo e tranquilo do que o centro de Núrsia, mas o terremoto nos forçou a acelerar nossos planos”. Por fim, a elevação canônica do que era tecnicamente um priorado beneditino e, desde 25 de maio passado, é uma abadia, a Abadia de San Benedetto in Monte. Três metas que, juntas, significam o retorno pleno, oficial e estável dos filhos de São Bento ao local onde seu pai e o pai do monaquismo ocidental nasceram, mas de onde os últimos beneditinos partiram na distante década de 1810, devido às leis napoleônicas, deixando um vazio que foi preenchido apenas dois séculos depois, um pouco menos. Provando que as raízes cristãs da Europa e também de nossas terras, quando parecem estar sofrendo, ou mesmo mortas, com a seiva certa podem ser revividas mais prontamente do que se imagina.
Visita do cardeal Ratzinger
A seiva, nesse caso, veio por meio de um religioso americano, Cassian Folsom. Nascido em 1955 em Lynn, Massachusetts, tornou-se beneditino na abadia de Saint Meinrad, Indiana. Padre Folsom foi para a Itália para aprofundar seus estudos em liturgia e, entre 1997 e 2000, foi vice-reitor do Pontifício Ateneu Sant’Anselmo (onde ainda leciona). Em 1995, enquanto estava em um trem para Nápoles, veio-lhe a inspiração de um projeto extra-acadêmico, ou seja, estabelecer uma comunidade que assumisse o carisma e o estilo originais da ordem beneditina. A fundação ocorreu em Roma em 1999. O Padre Folsom e três beneditinos americanos se estabeleceram em um pequeno apartamento na capital, com um quarto usado como capela. Em 1999, a Santa Sé concedeu-lhes a aprovação canônica e, em 2000, deu-se a possibiliade de se estabelecerem em Núrsia. Em 2001, um admirador do Padre Folsom, o Cardeal Joseph Ratzinger, foi à Úmbria para celebrar a festa de São Bento com ele e seus confrades: para todos, uma confirmação especial do caminho que haviam tomado.
Comunidade com idade média de 30 anos
“Hoje somos vinte monges”, explica Dom Nivakoff, eleito abade em 28 de maio, “provenientes de dez países: Itália, Estados Unidos, Alemanha, Polônia, Portugal, Grã-Bretanha, Brasil, Indonésia, Eslovênia e Canadá. A idade média é de 30 anos”. A heterogeneidade deve-se ao fato também de que peregrinos, turistas e curiosos chegam à abadia de diferentes partes do mundo, muitas vezes aproveitando as férias ou viagens de estudo na Itália.
Ora et labora
O retorno às origens do carisma se reflete na escolha litúrgica fundadora – o antigo rito beneditino – em uma vida de oração particularmente exigente – acordar às 3h30 todas as manhãs – e na recuperação dos antigos jejuns da ordem – apenas uma refeição por dia entre 15 de setembro e o Tempo de Páscoa. Ora et labora. No que diz respeito ao labora, entre outras coisas, os monges de Núrsia desenvolveram, nos últimos dez anos, a Cerveja Núrsia, cujo lema é Ut laetificet cor, produto com o qual eles buscam ser autossuficientes e que faz parte de uma gloriosa tradição de cervejas monásticas. “Agora que concluímos a restauração do mosteiro”, conclui Dom Nivakoff, “poderemos nos dedicar mais à nossa cerveja e também tentar torná-la mais conhecida”. Demos tempo ao tempo. No entanto, hoje celebramos o encerramento de uma fase importante. Na nossa programação, às 16 horas serão celebradas as vésperas solenes e o Te Deum; às 17h30, a bênção do novo mosteiro e uma visita guiada; às 19 horas, aperitivo, jantar e música; às 21 horas, os fogos de artifício e, às 21h30, a Salve Rainha.
(Avvenire/Andrea Galli)