O Papa: construir mudanças após a pandemia, de uma crise não saímos sozinhos

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Mensagem em vídeo de Francisco aos participantes do Festival da Doutrina Social da Igreja que começa nesta quinta-feira, em Verona, e prossegue até 28 de novembro. A gratidão do Pontífice para com as “pessoas comuns” que “escreveram os eventos decisivos de nossa história”. Arcebispo de Cantuária, Justin Welby: “Pobres e vulneráveis, dignos de atenção especial e respeito”.

Salvatore Cernuzio – Vatican News

Teve início nesta quinta-feira (24/11), em Verona, na Itália, o XI Festival de Doutrina Social da Igreja. Numa mensagem de vídeo, o Papa reitera que no tempo marcado pela pandemia, várias pessoas demonstraram com suas atitudes que “ninguém se salvo sozinho”.

Ninguém se salva sozinho

Este conceito, “ninguém se salva sozinho”, reiterado várias vezes nas fases agudas da emergência sanitária e depois citado na Encíclica Fratelli tutti, Francisco repete na mensagem de vídeo com a qual abre o Festival que se realiza até 28 de novembro, e que tem no centro de diálogos e reflexões temas fundamentais como educação, cultura, habitabilidade, mobilidade, trabalho, negócios, família, saúde e problemas geopolíticos que afligem países como Afeganistão, Iraque, Síria, Líbano e o continente africano. O Papa espera que o evento sobre o tema “Audaciosos na esperança – Criativos com coragem”, possa “construir mudanças, pois sabemos que de uma crise não saímos iguais: sairemos melhores ou piores”.

Ousadia, esperança, criatividade e coragem não são sinônimos, mas uma conexão de intenções, virtudes, abertura e visões da realidade que fortalecem o ânimo humano. Mas não só…

Vidas entrelaçadas

Um olhar sobre para a crise gerada pela Covid move a reflexão do Pontífice: “A pandemia nos permitiu recuperar e apreciar muitos companheiros de viagem que, no medo, reagiram doando suas vidas. Fomos capazes de reconhecer que as nossas vidas estão interligadas e sustentadas por pessoas comuns que, sem dúvida, escreveram os eventos decisivos de nossa história: médicos, enfermeiros, farmacêuticos, trabalhadores de supermercado, pessoal da limpeza, cuidadores, transportadores, homens e mulheres que trabalham para fornecer serviços essenciais e segurança, voluntários, sacerdotes, religiosas, e assim por diante…”.

A audácia de ser cristãos

O trabalho realizado por estes homens e mulheres num tempo suspenso que revolucionou hábitos e estilos de vida lembra a parábola dos talentos narrados no Evangelho de Mateus, a última parábola antes do texto em que se diz que seremos julgados pela caridade. “Jesus convida as multidões a usar seus talentos com coragem. Não importa quantos ou quais são os talentos de cada um. Jesus pede para arriscar e investi-los a fim de multiplicá-los”.

Quando se permanece voltado para dentro com o único objetivo de preservar o que existe, aos olhos do Evangelho somos perdedores, pois o que resta também será tirado. Ousadia, esperança, criatividade e coragem são palavras que descrevem a espiritualidade do cristão.

“Aquele que espera sabe que faz parte de uma história construída por outros e recebida como dom, assim como na parábola dos talentos. Sabe também que deve fazer este dom dar frutos”, conclui o Papa Francisco.

Mensagem do arcebispo Welby

Os participantes também receberam uma mensagem do arcebispo de Cantuária, Justin Welby, que lhes recorda que este é “um momento crucial para a humanidade, uma vez que enfrentamos tantos problemas, imensos, sobretudo a pandemia, ainda assola o mundo, bem como a crise climática, especialmente presente em nosso pensamento neste momento”. “Estes desafios globais causam seus piores efeitos sobre aqueles que já são pobres e vulneráveis. Eles são dignos de nosso especial cuidado e respeito”, adverte o primaz anglicano, lembrando que “a doutrina social cristã oferece um tesouro precioso que contém riquezas de luz para inspirar o nosso pensamento”. O tema “Ousados na esperança, criativos com coragem” nos convida a “permanecer enraizados em Cristo” e este ato espiritual, segundo Welby, é “o ato político e social mais vigoroso que podemos fazer”, porque “nos oferece uma nova maneira de pensar e uma nova maneira de agir. Isso nos fundamenta numa esperança real e nos enche de coragem porque encontramos Cristo”. 

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