No dia 04 de Outubro, ocasião em que Igreja celebra o dia de São Francisco de Assis, a coordenação da “Pastoral do Povo em Situação de Rua” juntamente com seus membros, esteve reunida na sede da Cáritas diocesana, para tratar da realidade da população de rua e das demandas por ela apresentadas.
Dentre estas demandas está a dificuldade de acesso ao banho, problema que por anos vem sendo remediado pelo banho solidário da Pastoral, em parceria com a Cáritas e que nos últimos meses vem encontrando ainda mais dificuldade devido ao corte de água, feito pelo poder público, em alguns pontos das praças. Isso impede este trabalho solidário que propicia um pouco mais de dignidade aos moradores, como nos relatou o responsável pelo banho solidário, Nelson Elói.
Também foi apresentado a urgência de mais uma lar de acolhimento (o abrigo noturno), visto que o atual só comporta cinquenta pessoas, número insuficiente em relação à demanda atual. Lembramos que a própria pastoral já realizou visitas ao abrigo e constatou a falta de vagas.
Outro fator que tem causado preocupação é em relação à falta de banheiros públicos, uma vez que os moradores não têm onde fazer suas necessidades fisiológicas, o que os obriga a fazê-las nas calçadas e praças públicas, causando incômodo à sociedade. Esta os julga, mas esquece de cobrar dos verdadeiros responsáveis, o poder público, a disponibilização de banheiros públicos. No mínimo, banheiros químicos nas praças, sendo uma das alternativas para dar uma resposta mais célere a este problema.
A equipe de Pastoral também conversou a respeito do dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco ano de 2017, a ser celebrado no XXXIII Domingo do tempo comum, que neste ano ocorrerá no dia 13 de novembro de 2022. Com o tema “Jesus Cristo fez-Se pobre por vós” (2 Cor 8, 9), o Papa recorda o pedido de Pedro, Tiago e João a Paulo, para que ele não esquecesse dos pobres. Pedido feito por ocasião de sua visita a Jerusalém, onde o povo vivia um período de carestia. Isto o impulsionou a reunir a comunidade de Corinto para que ofertasse esmolas em favor do povo pobre de Jerusalém. Com isto o Papa Francisco convida a Igreja a fazer o mesmo, ou seja, partilhar um pouco do muito que Deus nos concedeu, com os mais vulneráveis. Francisco ainda recorda, a pandemia e suas consequências, além da guerra na Ucrânia que tem causado ainda mais a desigualdade social.
Por fim, ficou acordado que no dia 12 de novembro de 2022 será celebrado o VI Dia Mundial dos Pobres, na parte da manhã, na praça da Estação de Governador Valadares. Lembrando que o dia do pobre instituído pelo Papa não trata de uma apologia à pobreza, mas de uma convocação à reflexão da realidade; pois se existem pobres é por causa da desigualdade social! Enquanto poucos concentram grandes fortunas, uma maioria vive na pobreza ou na extrema pobreza. Portanto, a pobreza é uma ferida, é a continuidade dos Lázaros (Lc 16,19-21) que vivem nas portas, necessitados de serem olhados, amados e alimentados. Que desejam ter a dignidade restaurada. Ao recordar o tema proposto, o Papa nos lembra que Jesus, mesmo sendo rico, fez-Se pobre por todos, servo de todos, principalmente dos pequenos. E numa sociedade que se declara majoritariamente cristã, mais do que nunca se deve lutar por igualdade, que passa pela justiça social. Isto é assumir a pequenez de Jesus, que deseja que a dignidade dos mais carentes seja restabelecida.
Romério da Silva de Souza