“Quanto maior o voo, maior o tombo!”

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Olá querida leitora, olá amigo leitor!
O compositor Zé Geraldo consagrou, na música “milhos aos pombos”, a conhecida frase que dá nome a este artigo. Foi capaz de eternizar uma relevante sabedoria popular que aconselha e alerta as pessoas com relação à altura de seus sonhos e utopias: é bom não voar alto demais para evitar tombos muito grandes, afinal, quando maior o voo, maior também o tombo!
Tomo a liberdade, entretanto, para convidar você a uma reflexão que caminha na direção contrária ao aconselhamento de não voar alto, pois tenho a sensação de estarmos vivendo tempos de excessiva cautela, quando o tema é sonhar, especialmente aqueles sonhos que não se sonham sozinhos.

Os efeitos de nossos tempos gestam gerações desmotivadas aos sonhos, portanto, desesperançadas e sem utopias. Pessoas acostumadas demais à comodidade da planície e pouco apaixonadas com o desafio dos ares mais frescos das alturas e isso vai tirando da vida parte de seu sentido.

A busca por algum sonho faz parte da natureza humana, pois instiga a criatividade que nos permite a reinvenção de nós mesmos; a utopia com algo distante faz a vida ter sentido e razão; a orientação da existência a objetivos grandes permite o direcionamento de esforços individuais e coletivos numa mesma direção. A coragem para voar bem alto não pode ser esquecida ou abandonada em nome do risco (talvez inevitável) do tombo.

Os voos altos representam a esperança em uma humanidade melhor: uma humanidade que respeita as diferenças e que se percebe como irmanada na mesma essência; por representar uma humanidade melhor, os voos altos apontam para relações sociais mais equilibradas, afinal, os desequilíbrios geram distâncias que degradam a essência.

Os voos altos apontam para discursos de paz em antítese aos discursos que fomentam a braveza e o ódio – é preciso ter muita coragem para sonhar tão alto, para idealizar e vivenciar relações sociais que privilegiam a “fragilidade” do colóquio e da concórdia ao invés da “força” do direito de sair sempre por cima em todas as situações… quem tem coragem para voar tão alto!

Os voos altos podem gerar tombos bem grandes, mas também proporcionam visões de mundo muito mais amplas, completas e complexas que as visões cristalizadas pelos olhares que jamais saíram do solo.

O desafio é este: ter coragem para voar. Nosso tempo está carente de homens e mulheres com a ousadia das alturas e com a habilidade para tomar grandes tombos sem desgastes extremos, afinal, quem consegue voar alto aprende a cair e a decolar novamente, pois os bons ares das alturas se tornam irresistíveis e alimentam o otimismo e a esperança de voos sempre mais altos! Quem conhece as alturas não se contenta mais com a singeleza do solo, portanto, valorizemos os voos altos!

Por José Luciano Gabriel – Diácono Permanente da Diocese de Gov. Valadares/MG, Professor, Advogado. Blog: jlgabriel.blogspot.com.br | e-mail: [email protected]

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