Sem coração a razão fica enlouquecida

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A cultura ocidental é construída sobre convicção de supremacia da racionalidade com relação a outras formas de interpretação das coisas. O racional é considerado mais confiável que o emocional. A razão é considerada mais forte e superior; a emoção é vista como frágil e inferior.

Simbolicamente a razão tem sede no cérebro e a emoção mora no coração, desta forma, o que vem do coração é ingênuo; o que vem do cérebro é sábio. Logo, despreza-se o que vem do coração para supervalorizar o que emana do cérebro.
A princípio nunca houve problema com a forma racional-cerebral de organizar a vida, ao contrário, esta centralidade da razão sempre foi motivo de orgulho e de segurança; sempre foi apresentada como caminho mais viável para o enfrentamento dos problemas e como maneira mais adequada de organizar as relações sociais e as relações do ser humano com o mundo à sua volta.

Por outro lado, a centralidade da racionalidade foi levando à perda da justa-medida. O uso do padrão de racionalidade foi se tornando excessivamente preferido, em detrimento ao uso de todas as outras maneiras de contato com a vida, de tal sorte que o humano desenvolveu a falsa sensação de que basta confiar na razão ou na lógica que dela emana.
Ocorre, contudo, que o ser humano não é um ser apenas racional, ao contrário, é dotado de outras ferramentas tão importantes quanto a racionalidade. Simplificando, há em nós uma inteligência emocional tão essencial e nobre quanto a inteligência racional. O desprezo pelo emocional leva à construção de uma sociedade desequilibrada e desajustada; leva à criação de indivíduos incapazes de experiências equilibradas, saudáveis e harmônicas com o ambiente. Afinal, sem coração, a razão fica enlouquecida.

O desafio para nossa época é criar situações que fomentem o equilíbrio, a justa-medida, o ponto equidistante entre os extremos, o meio-termo. Não dá para ignorar o papel e a função da razão como instrumento de interpretação do mundo: sem racionalidade não há cultura e não há transmissão do que já foi aprendido pelas gerações passadas às gerações futuras. A razão é essencial. Mas não dá para continuar ignorando a importância e a função de outras habilidades humanas; não dá para ignorar a importância do coração.

É no coração que nasce nossa capacidade de compreender a importância do valor e não apenas do preço das coisas; é do coração que brota a sensibilidade que nos lembra a beleza da empatia e da compaixão; é com o coração que se vivencia a magia da gratidão e da boa relação com o diferente.

Quer umas dicas sobre esta abertura às forças do coração?
Cultive a coragem de saber que nem tudo se resume a preço; cultive a gratidão pelo que se tem e pelo que se é; questione a necessidade de ter mais coisas ou produtos recém-lançados no mercado; seja transparente com os sentimentos e não os considere vergonhosos ou sinais de fraqueza; cuide da espiritualidade e fique atento à intuição; dê espaço em sua vida (em sua agenda!) para o que tem valor e não apenas para o que tem preço. Busque o equilíbrio. Os exageros (em tudo na vida!) são ruins e retiram o pior de nós. Levam a desequilíbrios.

José Luciano Gabriel. Diácono Permanente da Diocese de Governador Valadares. Advogado. Professor. www.jlgabriel.com.br

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