A Conferência Episcopal de Moçambique exprime proximidade ao povo de Cabo Delgado e recorda que é da responsabilidade de todos e de cada um contribuir para tirar o país das numerosas crises em que se encontra.
Dulce Araújo – Cidade do Vaticano
Os Bispos da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) estiveram reunidos de 9 a 14 deste mês, no Maputo, em Assembleia Plenária. Num comunicado se definem pastores de um rebanho que se esforça por viver e testemunhar a esperança nestes momentos de grande tribulação devido, por um lado, à pandemia global de coronavírus e, por outro, à guerra em Cabo Delgado (que já provocou mais de dois mil mortos e 400 mil deslocados), e também de outras formas de violência, raptos, criminalidade e violação dos direitos humanos que, infelizmente, se multiplicam na sociedade moçambicana.
Proximidade ao povo de Cabo Delgado
Eles manifestam a sua proximidade fraterna aos irmãos e concidadãos de Cabo Delgado e asseguram a sua constante oração na esperança de achar vias de colóquio que facilitem o fim do terrível conflito e o consequente drama humanitário. Reiteram a necessidade de fortalecer as instituições caritativas por forma a mitigar este drama.
Gestos do Papa
A CEM recorda a solicitude e os gestos concretos do Papa em relação a esse povo, incluindo o envio de cem mil euros; põem em relevo a importância da Educação a todos os níveis para conseguir um maior desenvolvimento social, assim como a urgência de recuperar a memória histórica de Moçambique para realizar um verdadeiro caminho de reconciliação nacional. É responsabilidade de todos e de cada um – sublinham – trabalhar para sair das actuais crises. E interrogam-se sobre como podem, com os irmãos na fé, servir melhor a sociedade moçambicana a alcançar a paz e o bem comum. Referem, a este respeito, que analizaram as actividades dos Departamentos criados para dinamizar e garantir uma pastoral coordenada e de conjunto.
Visitas do Núncio Apostólico e da Ministra da Justiça
Os Bispos informam ainda, na sua nota, que durante a Assembleia receberam a visita do Núncio Apostólico, D. Piergiorgio Bertoldi, que os animou a continuar a sua missão na sociedade, numa perspectiva de Igreja ministerial e de diversidade de dons e serviços. Tiveram também um encontro com a Ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Helena Mateus Kida, à qual manifestaram a sua disponibilidade para colaborar em diversos âmbitos da vida social, como educação cívica e ética dos jovens, educação para a paz e reconciliação e o combate à pobreza. A Ministra mostrou abertura e disponibilidade para o fortalecimento da mútua relação e consolidação da colaboração.
Seminários
A Assembleia abordou ainda a questão dos Seminários, do reforço da equipa de formadores e retomada da formação em todos os seminários em 2021 e sobre a necessidade de continuar a construção do Seminário São Carlos Luanga em Nampula e de criar condições para retomada das actividades formativas no contexto do Covid-19.
Retomada dos cultos
Os bispos terminam a sua nota, exprimindo a sua felicidade pela retomada dos cultos a nível das paróquias e tristeza por isto não acontecer em grande parte das comunidades rurais que, devido à pobreza económica, não conseguem satisfazer as exigências do protocolo de saúde no contexto da pandemia.