Características da leitura fiel da Bíblia – 5ª parte

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A Bíblia não é, em primeiro lugar, um livro de piedade individual, nem uma cartilha de metamorfose social, mas é o livro de fé da comunidade – um livro de cabeceira, para ser consultado em todo momento. A Palavra de Deus gera a comunidade. Interpretar a Palavra não é a atividade individual do exegeta que estudou um pouco mais que os outros, mas é e deve ser uma atividade comunitária em que todos participam, cada um a seu modo, com os seus dons, inclusive o exegeta.

Deste modo, surge e cresce o sentido comum, aceito e partilhado por todos. É o ‘sentido de fé da Igreja’, com o qual todos se comprometem como se fosse com o próprio Deus. Este ‘sentido de fé da Igreja’, quando partilhado por todos nos Concílios Ecumênicos e expresso pelo Magistério, cria o quadro de referência dentro do qual se deve ler e interpretar a Bíblia.

Não basta a razão para poder captar todo o sentido que a Bíblia tem para a nossa vida. É necessário levar em conta também os critérios da fé e ler a Bíblia naquele mesmo Espírito em que foi escrito. Os critérios da fé são três: atender com diligência ao conteúdo e à unidade de toda a escritura, levada em conta a Tradição viva da Igreja toda e a analogia da fé. Ou seja, a interpretação cristã da Bíblia deve levar em conta: a ‘unidade de toda a Escritura’, isto é, a Visão Global da Bíblia; a ‘tradição viva da Igreja’ dentro da qual a Bíblia foi gerada e transmitida; a ‘analogia da fé’, isto é, a vida da Igreja dentro da qual e em função da qual a Bíblia é lida e interpretada. Os três critérios têm o mesmo objetivo: descobrir o sentido pleno da Escritura, impedir que o seu uso seja manipu­lado, e evitar que o texto seja isolado do contexto histórico e da tradição eclesial que o geraram e transmitiram.

(5ª Parte do Artigo de Dom Félix sobre a Leitura Fiel da Bíblia)

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