Reitora de universidade católica italiana: visamos projetos para países pobres

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Elena Beccalli, a nova reitora da Universidade Católica do Sagrado Coração, esteve em audiência com o Papa. Entre os temas abordados com Francisco, a emergência educacional: a instituição quer ser “um lugar de encontro, de confronto entre diferentes culturas”. Um ‘Plano para a África’ está sendo preparado para criar sinergias no setor da saúde e da economia e para contribuir no desenvolvimento de nações desfavorecidas.

Tiziana Campisi – Vatican News

Um encontro “muito cordial e rico em perspectivas”: foi assim que a reitora da Universidade Católica do Sagrado Coração, Elena Beccalli, descreveu à mídia vaticana a audiência que teve na manhã desta segunda-feira (12/08) com o Papa Francisco. No cargo desde 1º de julho, nomeada para o período de 2024-2028 pelo Conselho de Administração em 20 de junho, ela é a primeira mulher a ocupar esse cargo na história da instituição. Formada em Economia pelo campus de Milão, com 51 anos de idade, é professora titular de Economia de Intermediários Financeiros na Faculdade de Ciências Bancárias, Financeiras e de Seguros, onde ocupou o cargo de diretora desde 2014.

Francisco, comentou a reitora, enfatizou a necessidade de “educar os jovens com a mente, com o coração e com as mãos” e ressaltou a importância do papel do professor, acrescentando que é preciso recordar de “jamais perder o humor”. Entre os vários tópicos discutidos durante a audiência, muitos se concentraram no mundo universitário e na questão da emergência educacional. A professora Beccalli expressou gratidão ao Pontífice por sua constante proximidade com a universidade e também ilustrou para ele os muitos projetos que a Universidade Católica do Sagrado Coração deseja realizar em seus cinco campi em Milão, Brescia, Piacenza, Cremona e Roma, a fim de oferecer uma contribuição de pensamento sobre questões de fronteira a partir de uma perspectiva global.

Na sociedade multicultural de hoje, mas com uma acentuada crise de valores e onde o desenvolvimento tecnológico oferece novas oportunidades e, ao mesmo tempo, levanta questões éticas, qual é a contribuição que a Universidade Católica do Sagrado Coração pretende dar?

Antes de mais nada, a Universidade Católica do Sagrado Coração quer ser um lugar de encontro, de confronto entre diferentes culturas e entre diferentes disciplinas. Portanto, aumentar o diálogo, a abertura e a interdisciplinaridade, acredito que seja um dos primeiros traços que caracterizam a ação e a missão da Universidade Católica hoje. O outro aspecto é o de valorizar a formação integral da pessoa, cultivando com rigor e com qualidade as disciplinas próprias das doze faculdades que compõem a nossa instituição e, ao mesmo tempo, permitindo que os alunos cresçam como pessoas. A formação integral não deve esquecer nenhuma dimensão, nem mesmo a espiritual, que de fato somos chamados a promover como uma Universidade Católica. Acredito que esse diálogo e essa formação integral podem ser muito úteis para o crescimento na vida e na profissão de cada um, pois proporcionam uma abertura e uma solidez que permitirão que os formandos coloquem em sua vida cotidiana os valores que se respiram na universidade.

Diante da atual emergência educacional que envolve escola, família e sociedade, qual é o compromisso da instituição?

O compromisso da Universidade é forte e duplo. Por um lado, podemos contribuir acolhendo os jovens que hoje estão longe dos percursos da universidade, também por razões econômicas. Portanto, é uma abertura que se realiza por meio de bolsas de estudo para interceptar aqueles que hoje estão mais à margem. Estou pensando, por exemplo, nas crianças nascidas na Itália de pais estrangeiros que talvez não tenham a oportunidade de entrar e que gostaríamos de nos comprometer a acolher com programas significativos, também do ponto de vista econômico. A segunda contribuição que a universidade pode fazer é formar professores, operadores escolares, para combater essa exclusão do sistema educacional. Essa é uma contribuição fundamental, porque temos as ferramentas de várias disciplinas – da psicologia às ciências da educação, até todo o conhecimento humanístico que cultivamos na Universidade Católica – que podem ser o antídoto mais forte para esses problemas.

A professora nos estúdios da Rádio Vaticano

A professora nos estúdios da Rádio Vaticano

Ninguém se salva sozinho, só podemos ser salvos juntos, escreve o Papa Francisco em sua carta encíclica Fratelli tutti, na qual ele enfatiza a necessidade de uma ajuda mútua entre os países e pede o crescimento de uma cultura do encontro. Vocês realizam projetos internacionais e buscam parcerias nas áreas mais pobres do planeta, especialmente na região do Mediterrâneo e na África: quais são os objetivos específicos?

A Universidade Católica do Sagrado Coração deve ser uma universidade aberta ao mundo. E há várias maneiras de interpretar essa internacionalização da nossa instituição. Há uma mais clássica, que é abrir-se a acordos, a parcerias com universidades estrangeiras para permitir que nossos alunos obtenham, por exemplo, um duplo diploma com universidades estrangeiras e também permitir que alunos de outros países venham até nós, aos nossos campi. Há um segundo aspecto que me interessa particularmente, que é a abertura para as áreas mais pobres do planeta, especialmente na África. Estamos pensando em um ‘Plano para a África’ da Universidade Católica do Sagrado Coração. Já existem muitas iniciativas que realizamos com os países africanos no setor da saúde e de formação econômica, mas o que eu acho importante é criar sinergias entre essas iniciativas, para contribuir com o desenvolvimento desses países. Podemos ter um impacto maior se o conhecimento que cultivamos for mais amplo e puder se integrar para o benefício dessas mesmas áreas. Hoje, o ensino à distância é mais fácil graças à tecnologia. Esse é um dos objetivos do meu mandato, pois, ao reunir as várias disciplinas, podemos causar um impacto positivo nessas áreas mais pobres, onde também temos algo a aprender

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