Eucaristia: O Mistério da Fé (2)

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A Missa torna presente o sacrifício da cruz; não é mais um, nem o multiplica. O que se repete é a celebração memorial, a “exposição memorial”, de modo que o único e definitivo sacrifício redentor de Cristo se atualiza incessantemente no tempo.

Reafirma-se assim, a doutrina sempre válida do Concílio de Trento: “pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda substância do vinho na substância do seu sangue; a esta mudança a Igreja Católica chama, de modo conveniente e apropriado, transubstanciação”.

“Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, assim também o que me come viverá por mim” (Jo 6, 57). O próprio Jesus nos assegura que tal união, por Ele afirmada, em analogia com a união da vida trinitária, se realiza verdadeiramente. A Eucaristia é verdadeiro banquete, onde Cristo se oferece como alimento.

Através da comunhão do seu corpo e sangue, Cristo comunica-nos também o seu Espírito. Escreve santo Efrém: “chamou pão seu corpo vivo, encheu-o de si próprio e do seu Espírito […] e aquele que o come com fé, come Fogo e Espírito […]. Tomai e comei-o todos; e, com ele, comei o Espírito Santo. De fato, é verdadeiramente o meu corpo, e quem o come viverá eternamente”. E, no Missal Romano, o celebrante suplica: “fazei que, alimentando-nos do corpo e sangue do vosso Filho, cheio do seu Espírito Santo, sejamos em Cristo um só corpo e um só espírito. Assim, pelo dom do seu corpo e sangue, Cristo aumenta em nós o dom do seu Espírito, já infundido no batismo e recebido como ‘selo’ no sacramento da confirmação”.

A Eucaristia é tensão para a meta, antegozo da felicidade plena prometida por Cristo (Jo 15, 11); de certa forma, é antecipação do Paraíso, “penhor da futura grandeza”. A Eucaristia é celebrada na ardente expectativa de alguém, ou seja, “enquanto esperamos a vinda gloriosa de Jesus Cristo nosso Salvador”. Quem se alimenta de Cristo na Eucaristia não precisa esperar o Além para receber a vida eterna: já a possui na terra, como primícias da plenitude futura, que envolverá o homem na sua totalidade.

Anunciar a morte do Senhor “até que Ele venha” (1Cor 11, 26) inclui, para os que participam na Eucaristia, o compromisso de transformarem a vida, de tal forma que essa se torne, de certo modo, toda eucarística”. São precisamente esse fruto de transfiguração da existência e o empenho de transformar o mundo segundo o Evangelho que fazem brilhar a tensão escatológica da celebração eucarística e de toda vida cristã: “vinde, Senhor Jesus!” (Ap 22, 20)

Dom Félix

Fonte: Artigo “A Amizade com Jesus na Palavra e na Eucaristia” (5ª Parte).

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